Queluz - Autárquicas 2009

Queluz
Outrora um cenário campestre, Queluz é hoje a primeira cidade do concelho de Sintra. A freguesia foi desanexada de Belas em 1925 e elevada a vila em 1961. Passou a cidade em 1997. De acordo com os censos de 2001 tem 27910 habitantes.

Candidatos querem requalificação urbana

A freguesia de Queluz será disputada por cinco candidatos, entre os quais o actual presidente da Junta que no debate entre as várias forças políticas ouviu algumas críticas.

“Lamentamos o abandono e a falta de uma estratégia para a cidade, assim como a passividade e inércia que reina na Junta”, avança o candidato do Movimento Mérito e Sociedade (MMS). Para Sérgio Marques, a Junta devia rentabilizar o Parque Felício Loureiro com uma área de restauração e com equipamentos desportivos, porque o espaço “tem todas as condições para ser o top dos parques urbanos na periferia de Lisboa”. Mas o presidente Barbosa de Oliveira responde que “o IPPAR [Instituto Português do Património Arquitectónico] não deixa lá construir nem sequer um café.”

Já a CDU divide as críticas. “Queremos ajudar a mudar Queluz, que tem estado parada em algumas vertentes, porque a Câmara tem posto a freguesia de lado”, lamenta Manuel Guedelha. A crítica é parcialmente corroborada pelo candidato da Coligação Mais Sintra, que fala em “declínio”. “Queluz deveria de ser o centro da cidade e cada vez está mais periférica. É preciso recuperar essa centralidade e afastar a imagem de dormitório onde as pessoas se amontoam sem qualidade de vida”, defende Adolfo Reis.

O Bloco de Esquerda (BE) também lamenta o mau estado da cidade. “Quando vim para Queluz nos anos 70 achei que ela tinha qualidade de vida. Hoje, a cidade está cheia de betão, com ruas em mau estado, está desertificada à noite e não há vida cultural”, afirma Rosinda Beltrão. O presidente defendese e diz que continua a protagonizar a recuperação urbana como a que se verifica na Avenida Miguel Bombarda. “É uma obra prometida há 40 anos e já ninguém acreditava que fosse feita. Mas eu sempre acreditei e consegui fazê-la”, explica.

Mas para Barbosa de Oliveira, também é preciso intervir em grande parte das ruas de Queluz. “Está tudo num projecto chamado mini-Polis para Queluz e enquanto for presidente não vou deixá-lo cair”, explica. Já a CDU recorda que as obras da Avenida Miguel Bombarda, ou o Parque Felício Loureiro “começaram com vereadores da CDU”.

O BE, por seu lado, lamenta que as três freguesias da cidade vivam de costas voltadas. “Em Massamá o presidente nem sequer acredita no conceito de cidade, Monte Abraão e Queluz têm presidentes da mesma cor mas não conseguem fazer nada em conjunto. As três juntas têm que pensar Queluz, porque falta muito para sermos cidade”, defende o BE. O presidente responde que são “problemas de crescimento”. “Se tentar comemorar o 25 de Abril em conjunto, Massamá e Monte Abraão não querem vir a Queluz. Isto é bairrismo e acontece em todo o lado. Não é por isso que vamos ter mais investimentos e melhor qualidade de vida”, acredita. Já Adolfo Reis lembra que o promotor das obras da Miguel Bombarda é a Câmara, mas admite que a empreitada tem causado alguns transtornos ao comércio local. No entanto, também lamenta a falta de “uma identidade própria de ser-se queluzense”. “Deveremos convencer os outros dois presidentes de junta a que dêem as mãos com o futuro presidente da Junta de Queluz, que espero que seja eu, para que reivindiquemos mais apoios públicos para a cidade e a freguesia”, avança. O candidato deu também a entender que seria positivo ter um executivo da mesma cor política da Câmara, mas Barbosa de Oliveira critica esta posição. “Isso está errado, porque quando os queluzenses pagam impostos, a Câmara não vê quem paga. É por isso que dos milhões que Queluz paga eu só peço 25 a 30 por cento para as obras que tenho reivindicado, o que não acontece e na maior parte dos anos a freguesia investe mais do que a Câmara”.

Saúde e segurança são prioridades
Os cinco candidatos debruçaram-se ainda sobre o novo centro de saúde, um tema que gera divisões. CDU, BE e MMS defendem a construção de um edifício de raiz, no local do actual jardim-de-infância junto à igreja. Esta proposta tem o apoio da Junta que sugere, no entanto, que o edifício seja preservado. No entanto, a Coligação Mais Sintra avança outra solução. “Trazemos uma palavra de esperança, porque conseguimos um compromisso do presidente da Câmara, que avanço em primeira-mão, que é a adaptação do edifício da Estradas de Portugal na Quinta Nova”, revela Adolfo Reis. “Pode parecer periférico, mas com o metro poderá haver uma estação intermédia lá e todo aquele parque passará a ser usufruído pelos munícipes. E é a solução a curto prazo, com um custo de 1,5 milhões de euros que a Câmara está disposta a investir”. Barbosa de Oliveira discorda e lembra que a ideia tem meses. “Jamais poderei concordar. Só quem não gosta de Queluz pode apresentar esta solução, que é a pior, porque os acessos seriam pela Amadora, o que não faz sentido. Além disso, a Quinta Nova pertence ao Exército”, lembra. Os outros candidatos também discordam e propõem que a quinta seja adquirida para uso público (CDU) ou para um centro cívico, cultural e desportivo de Queluz (BE e MMS).

Outro tema que preocupa os candidatos é a segurança, com o MMS a propor videovigilância, a Coligação Mais Sintra a pedir uma extensão da Esquadra de Investigação Criminal da PSP e um programa Escola Segura com mais efectivos. CDU e BE também querem mais efectivos para um policiamento de proximidade, mas apontam o dedo também aos problemas sociais. Já Barbosa de Oliveira diz que “a freguesia não é tão má quanto dizem, aliás, é das freguesias onde há menos crime e não há crimes violentos.” Outra prioridade é a solução do problema do estacionamento, com várias forças a contestar os parquímetros e a defender mais estacionamento à superfície e em silos. O MMS propõe também o reforço da relação de Queluz com o Brasil, nomeadamente a promoção de eventos lusobrasileiros para tirar partido da figura de D. Pedro IV, o imperador do Brasil, que nasceu e morreu em Queluz.


«Estamos saturados com a política de falsidade. Queremos uma cidade segura, limpa e com equipamentos» Sérgio Marques, MMS





«A CDU compromete-se a intensificar e melhorar a comunicação, porque a ligação com a Junta tem sido muito fraca» Manuel Guedelha, CDU



«Os queluzenses conhecem-me e sabem que apresentei um Plano Estratégico para Queluz que precisa de ser concluído» Barbosa de Oliveira, PS



«Temos uma equipa competente e uma postura construtiva. Move-nos a vontade de dar alternância à freguesia» Adolfo Reis, Coligação Mais Sintra



«Queremos que se pense e se faça a cidade em conjunto com as outras duas freguesias e com a participação das pessoas» Rosinda Beltrão, BE




texto e fotos: Luís Galrão

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