Sintra - Autárquicas 2009

Conheça as ideias dos cinco candidatos à Câmara

O Jornal de Sintra colocou quatro questões a cada um dos cinco candidatos à Câmara de Sintra que se apresentam às próximas eleições autárquicas de dia 11 de Outubro. Saiba que avaliação fazem do último mandato e quais as principais propostas das suas candidaturas.

1) Que avaliação faz do último mandato? 2) Por que razão se candidata? 3) Quais serão as prioridades do seu programa? 4) Porque devem os sintrenses votar na sua candidatura?


Coligação Mais Sintra
Fernando Seara


O candidato ignorou as questões colocadas pelo Jornal de Sintra e enviou este texto: Sintra merece mais. Sintra exige mais. Ao longo de oito anos estive integralmente ao serviço de Sintra. Consegui dar um novo crédito, uma nova imagem, uma nova esperança aos sintrenses. Reorganizei serviços, reestruturei o Município, introduzi procedimentos de transparência, impus a lei como baliza intransponível da intervenção administrativa. Afrontei o Poder Central, autocrático e autista às mais legítimas ambições populares e comunitárias.

Consegui novas e melhores acessibilidades, equipamentos sociais, equipamentos escolares e desportivos. Preocupei-me em restaurar a justiça e a equidade, olhando com atenção redobrada às freguesias periféricas, convertidas em dormitórios e esquecidas pelos poderes, as freguesias rurais e interiores, vítimas de um esquecimento injustificável, as novas áreas populacionais que, fruto do desordenamento do território consentido ao longo de décadas, corriam o risco de se converterem em guetos de marginalidade e de exclusão.

Olhei para Sintra plural e diversificada. Recusei-me vê-la só a partir do Palácio da Pena ou da esmagadora monumentalidade da sua vila histórica. Entendi Sintra como pedras vivas, feita de muitas realidades, domicílio de muitas comunidades, espelho das idiossincrasias que marcam a sociedade destes tempos novos a que importa responder.

Sintra é o património da humanidade. A vila romântica padroeira de poetas e artistas, de beleza ímpar que se tem resguardado com o carinho e o amor que as suas particulares sensibilidade e vulnerabilidade exigem.

Mas Sintra é feita de pessoas, de todas as que nela dormem e trabalham, das que aqui nasceram e das que a adoptaram, das que a podem desfrutar e das que com ela se reencontram ao fim do dia de trabalho para a abandonarem volvido um par de horas de sono. É essa Sintra imensa, espelho de todas as virtudes e de muitos defeitos, que acolhi, recebi e servi.

Fiz muito do que prometi. O que não logrei conseguir terá sido por insuficiência minha ou por razões estranhas ao exercício do poder municipal. Tenho a consciência de que o trabalho não está concluído. Porventura nunca o estará. Mas a dedicação que ganhei a esta terra e a estas gentes impõe-me que permaneça. Que nesta tormenta em que vivemos de crise económica e social sem precedente não abandone quem tanto me acompanhou e me estimou.

Por isso, numa só frase, digo que a razão única que determinou a minha recandidatura são os sintrenses. Todos e cada um, independentemente da freguesia, da raça, da comunidade, da classe social. Todos são únicos e em todos vejo uma ambição única e convergente: viver melhor, com melhor espaço público, melhores condições de convivência e mais segurança. Podem contar comigo, como bem sabem pelo que fui ao longo destes oito anos. Sem outras ambições, sem outros projectos senão servir.


Partido Socialista (PS)
Ana Gomes



1 – Faço um balanço muito negativo dos mandatos de Fernando Seara. Sintra é o concelho mais populoso e jovem do país, mas perdeu liderança, prestígio, qualidade de vida e oportunidades de desenvolvimento. Devido à gestão errática de Fernando Seara, o parque escolar não teve investimento – faltam 600 salas só para jardim-infantil e 1.º ciclo. Os transportes públicos são inadequados, espaços verdes e equipamentos degradaram-se, bairros clandestinos cresceram e ainda há zonas sem saneamento básico. Até a classificação de Sintra como Património da Humanidade está em risco. Sintra desceu em qualidade de vida, entre os municípios portugueses, do 5.º para o 42.º lugar.

2 – Candidato-me porque vivo em Sintra e sei que posso contribuir para mudar Sintra para melhor. Porque é urgente pôr a Câmara a funcionar, em articulação com as Juntas de Freguesia, tornando-a próxima e amiga dos munícipes. Precisamos de atrair investimento para criar riqueza e emprego de qualidade; de cuidar das crianças, jovens e idosos; de preservar o património, ordenar o território, melhorar mobilidade e acessibilidades, de requalificar os centros urbanos e de investir em segurança, educação e cultura para todos. O futuro depende de uma Câmara com dinamismo e rumo estratégico. Isso requer uma liderança que sinta Sintra e assegure a defesa dos interesses dos sintrenses.

3 – A nossa prioridade são as pessoas. Vamos lançar um plano de emergência para construir as escolas e salas de aula em falta; criar uma rede municipal de creches para servir as famílias; apoiar os idosos e pessoas com necessidades especiais; dar prioridade à construção do Hospital e à substituição dos centros de saúde; atrair investimentos para actividades económicas que gerem riqueza e emprego de qualidade; fomentar a qualificação profissional e o empreendedorismo dos jovens; construir as circulares ao Cacém, investir em ligações por metro-de-superficie ou “trolley bus” aos concelhos limítrofes e criar uma rede intra-municipal de transportes; reforçar o policiamento de proximidade; investir em espaços verdes e na requalificação dos espaços urbanos; promover a eficiência no uso da água e da energia; potenciar o aproveitamento turístico e cultural do património edificado e natural; desburocratizar e tornar transparentes os procedimentos administrativos.

4 – Porque o objectivo é fazer a diferença pelas pessoas e, através delas, valorizar o concelho. Tenho programa e equipa. Ao votarem na minha candidatura, pelo PS, os sintrenses estarão a eleger uma presidente de Câmara que conta com eles, que os vai ouvir regularmente, que põe Sintra em primeiro lugar, que trabalha e que não tem medo de decidir.

Coligação Democrática Unitária (CDU)
Baptista Alves



1 – Fazemos um balanço negativo da actuação da Coligação Mais Sintra e do PS. Não consigo apontar uma linha estratégica ou obra relevante. Não avançaram com revisão do PDM, pretendem que se esqueça o Plano Verde e continuam reféns da especulação imobiliária (caso de Monte Santos). PS e PSD não sentem o concelho como seu e por isso têm-no conduzido à menorização em relação aos municípios da Área Metropolitana de Lisboa. A força das 500 mil pessoas que vivem em Sintra não é utilizada para pressionar o Governo para a construção do Hospital Público ou para não colocar portagens na A16. Mas faço um balanço positivo da CDU, destacando os SMAS, onde melhoramos os serviços, modernizámos a estrutura e continuámos a garantir grande qualidade da água, sem aumentar o preço. Na HPEM e EDUCA a nossa participação foi também importante e de reconhecido mérito. Na EDUCA, destaco os 2,3 milhões de refeições servidas durante 2008 nos refeitórios escolares, que são da nossa responsabilidade, bem como a construção de 30 refeitórios, estando em construção mais 8. É obra da CDU, não da Coligação Mais Sintra.

2 – Candidato-me porque tenho um projecto e um programa elaborado com a participação dos sintrenses, capaz de retirar Sintra do infernal ciclo de desqualificação em que tem vivido sob a desgovernação autárquica do PS e do PSD/CDS-PP desde há 33 anos.

3 – Daremos início à revisão do PDM, lutando por uma “Sintra Mais Verde”. Lutaremos pela construção do hospital público de Sintra e pela revisão da Carta Educativa, o alargamento dos refeitórios a todas as escolas e a distribuição gratuita dos manuais escolares. Propomo-nos construir um complexo desportivo concelhio e na área da juventude apostamos na criação de condições de apoio ao associativismo através de um centro na Quinta da Ribafria e de casas da juventude nos principais centros urbanos. As actividades económicas merecerão a nossa atenção através da dinamização do pequeno comércio, da criação de um pólo industrial ligado às indústrias criativas e de um pólo industrial ligado à robótica e aeronáutica, em locais já estudados e com viabilidade para estes sectores. Defendemos ainda o reforço policial e melhores condições de trabalho para os agentes.

4 – Os sintrenses conhecem-me. Há 16 anos que sou vereador na Câmara, oito dos quais assumi a presidência dos SMAS de Sintra onde, sem falsas modéstias, desenvolvi um trabalho que está à vista: acabei com as faltas de água, alarguei as redes de água e saneamento à quase totalidade do Concelho, criei condições dignas de trabalho para os trabalhadores, não aumentei o preço da água. E na Câmara protagonizei grandes lutas pela defesa do ambiente, do património e da qualidade de vida dos sintrenses. Com mais força da CDU na Câmara e nas Freguesias, faremos melhor!


Bloco de Esquerda (BE)
André Beja


1 – Pese as dificuldades financeiras impostas pela crise e pela lei das finanças locais, a maioria liderada por Fernando Seara, alargada a PS e CDU, poderia ter feito mais e melhor. Aumentou o afastamento entre as pessoas e a autarquia, porque a Câmara não responde aos munícipes, não fiscaliza, não resolve problemas com dezenas de anos, não dialogou com as pessoas sobre as obras que faz, como aconteceu na Av. Miguel Bombarda (Queluz) ou na Coopalme (Algueirão), e fechou os olhos a situações prejudiciais às populações, como aconteceu com a alta tensão ou com a reconstrução da A16. Faltou rever o Plano Director Municipal, medida fundamental para reduzir as áreas de construção e para salvaguardar o património natural e edificado. O Executivo manteve o actual Plano e fez uma gestão casuística do território.
2 – O Bloco quer inverter o afastamento entre a autarquia e as pessoas, valorizar o desenvolvimento sustentável como opção estratégica para responder à crise social que vivemos e à crise ambiental que no futuro nos afectará. Propomos mecanismos de democracia participativa para pôr as pessoas no centro da política, dando-lhes voz activa na tomada das decisões que são importantes para a sua vida. Depois de quatro anos na Assembleia Municipal, onde desenvolvemos um trabalho de proximidade com a população, aceitei o desafio que o Bloco me fez para que seja o principal rosto desta candidatura. Ser candidato em nome deste projecto é também uma questão de coerência com o meu percurso de activista e de vida.

3 – No programa do Bloco há cinco eixos estratégicos: 1) A política social e as questões da imigração, porque a Câmara deverá ser determinante na resposta à crise e à exclusão e na promoção da diversidade e da interculturalidade; 2) O ordenamento do território, meio ambiente e mobilidade, de modo a garantir a melhoria da qualidade de vida das populações; 3) A educação, com destaque para as escolas e as novas competências das autarquias; 4) A cultura, que tem de ser descentralizada, dando mais protagonismo aos agentes culturais locais; 5) A participação e a transparência, criando espaço e incentivo para que as pessoas tenham voz activa.

4 – Os quatro partidos que sempre governaram Sintra são responsáveis pelos problemas que este território e a sua população enfrentam. Ao longo dos últimos oito anos, o Bloco esteve na Assembleia Municipal e nas Freguesias com uma postura de proximidade com as populações, apresentando propostas e votando as propostas de outros partidos que iam ao encontro dos princípios por nós defendidos. Fomos a Esquerda de confiança em Sintra e continuaremos a sê-lo no Executivo Municipal.



PCTP/MRPP
José Mestre



1 – Como quase todos os sintrenses sabem, moramos no segundo maior concelho do país, com uma população à volta dos 450 mil habitantes, e neste contexto, uma autarquia tem que ter uma dimensão de obra feita compatível com, não só a extensão do concelho, como com a qualidade de vida dos habitantes. A avaliação deste mandato deixa muito a desejar, pois o concelho de Sintra encontra-se entre dois concelhos, Mafra e Oeiras, que têm progredido a olhos vistos enquanto o nosso está estagnado. Como eu costumo dizer, uma câmara só tem razão de existir porque há pessoas para servir. E esta autarquia, com os seus vereadores e o seu presidente, não cumpriu com a sua obrigação de servir um concelho com esta dimensão. Em conclusão, este mandato foi igual ao anterior, ou seja, pouco ou nada foi feito.

2 – A razão é muito simples, pertencendo eu ao partido que defende uma sociedade mais justa, mais igualitária e em que não haja a exploração do homem pelo homem, é fácil perceber que não concordando com a política que rege a Câmara de Sintra, a única alternativa era candidatar-me para inverter toda essa política, que tem retirado ou não tem acrescentado, qualquer qualidade de vida às pessoas deste concelho. Não nos podemos esquecer que as juntas de freguesia são muito importantes, mas que o poder decisório está na Câmara, daí a razão da candidatura, para que os munícipes do concelho de Sintra tenham uma voz para a melhoria da sua qualidade de vida.

3 – Há sempre prioridades num programa que se preocupa com a qualidade de vida das populações, mas a principal, digamos assim, é o exercício de uma política que conduza as pessoas à satisfação das suas principais ambições. Sabemos hoje, que a manutenção do posto de trabalho ou a sua criação é a primeira preocupação das pessoas, pois é ele que dá o sustento da família. Em segundo lugar estarão todas as outras preocupações, com a criação de infra-estruturas que os vão servir, um bom hospital, que nós reivindicamos desde 1997, lares, centros de dia, creches, infantários, ATL’s, boas acessibilidades e sua manutenção, acesso à cultura nas mais variadas formas, boa segurança das populações, recintos de lazer e prática desportiva, bons transportes públicos.

4 – Devem votar nesta candidatura, porque ela lhes garante que será uma voz dos munícipes para uma melhor qualidade de vida, não teve até hoje qualquer participação nos mandatos da Câmara e será uma candidatura ao serviço das pessoas, por isso os sintrenses devem dar-nos o benefício da dúvida e penalizar os últimos executivos camarários.

Luís Galrão

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