Sintra/Lisboa



Prémio de crítica literária atribuído a Miguel Real

“É uma obra incontornável na ensaística portuguesa”, sublinhou Maria do Rosário Pedreira, da editora responsável pela publicação da obra “Eduardo Lourenço e a Cultura Portuguesa”, de Miguel Real, que venceu o Prémio Jacinto do Prado Coelho, da Associação Portuguesa de Críticos Literários.

Na foto: Manuel Frias Martins (membro do júri), Maria do Rosário Pedreira (da editora Quidnovi), Liberto Cruz (membro do júri), Miguel Real e José Carmo (da Associação de Críticos Literários)


A entrega do Prémio decorreu no dia 15 de Dezembro, no Auditório Frederico Freitas, da Sociedade Portuguesa de Autores, em Lisboa, onde estiveram presentes personalidades de Sintra e de outras localidades, que fizeram questão de marcar presença para felicitar o escritor sintrense Miguel Real, pseudónimo de Luís Martins, colaborador assíduo do Jornal de Sintra.

Ninguém se conteve nos elogios ao livro deste sintrense e ao próprio, já reconhecido por uma obra que se divide pelas áreas do ensaio, da ficção e do drama, e o auditório cheio “prova a consideração que Miguel Real tem junto dos seus leitores”, ressaltou Liberto Cruz, um dos membros do júri e porta-voz da mesa aquando da cerimónia. Para além deste, fizeram parte do júri Manuel Frias Martins e Carlos Jorge Figueiredo Jorge – este último não esteve presente, mas fez-se representar por um texto, lido por Liberto Cruz, em que considera que Miguel Real “conquista merecidamente o Prémio Jacinto do Prado Coelho”.

De facto a obra, um ensaio baseado na vida e no pensamento filosófico de Eduardo Lourenço desde a década de 40 até 1978, é considerada “incontornável” pela representante da editora Quidnovi, responsável pela publicação do livro, Maria do Rosário Pedreira, que salientou: Luís Martins “é um autor que nos tem dado grandes alegrias não só na ficção, mas no ensaio também, por ser um autor extremamente polifacetado e uma pessoa formidável. Não são muitos os editores, decerto, que têm autores como o Miguel Real/Luís Martins”.


Miguel Real falou sobre Jacinto do Prado Coelho


Um professor com alma de escritor
Agradecendo o apoio dos que lhe são queridos, Miguel Real revelou que o gosto pela crítica literária terá começado há 12 anos, aquando de uma intervenção sobre José Saramago, feita numa conferência em Buenos Aires. Depois disso, e com o apoio de José Carlos Vasconcelos, descobriu uma área em que se tem vindo a demarcar como vulto literário. “Não há, até agora, ensaio tão rico e luminoso a abordar a obra do maior pensador contemporâneo”, ressaltou Francisco José Viegas, aquando da publicação da obra de Miguel Real.

No entanto, apesar de se ter notabilizado em diversas áreas, Miguel Real confessa: “para além de escritor, para além de crítico literário, o que eu me continuo a sentir, muito genuinamente, é professor”. O professor e especialista em cultura portuguesa, aproveitou a ocasião para falar sobre o patrono do Prémio que lhe foi atribuído, Jacinto do Prado Coelho, “que talvez tenha sido um dos críticos literários e professores de literatura mais importantes do século, cujo papel não tem sido suficientemente destacado”. Miguel Real classificou a obra do conhecido crítico literário em duas palavras: “humanismo estético”.

“A vida histórica da obra literária é inconcebível sem o papel activo que desempenha o seu destinatário, o leitor”, explicou. “Daí que o historiador da literatura, o crítico da literatura, não passe de um leitor consciente do seu lugar na sucessão histórica dos leitores. Eis o verdadeiro humanismo de Jacinto do Prado Coelho: o de saber que a verdade não reside nem no princípio nem no fim da jornada, mas no caminho tacteante que nela se vai fazendo”, explicou Miguel Real, mostrando nos olhos um certo brilho de identificação.






Texto e fotos: Vanessa Sena Sousa

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