Rio de Mouro

Detectives por uma noite

A Casa-Museu Leal da Câmara tem sido o palco de uma iniciativa inédita em todo o país, em que, através da encenação de um crime, a cargo da Associação Reflexo, o público tem a tarefa de descobrir o assassino, num jogo de equipa. A adesão tem sido tal, que o número de participantes foi alargado, mas ainda assim, há quem fique de fora. Hoje e amanhã serão os últimos dias deste jogo de detectives.


A Casa-Museu revive os serões das tertúlias dos anos 20

A atmosfera que se vivia era de êxtase. O público maioritariamente composto por amantes da literatura policial, via-se, estava em expectativa, pois o céu claro e a lua bem visível ajudavam à composição de um cenário digno de um romance de Agatha Christie. A Casa- Museu, solenemente iluminada e ao ritmo de músicas dos anos 20, altura retratada na encenação, foi o palco adequado para recriar uma atmosfera de mistério. As suas salas e os seus jardins foram avivados pelos cerca de 30 visitantes e os sete actores e, por seis noites voltou ao espírito movimentado de antigamente.

Com o título apelativo de “Crime na Casa-Museu Leal da Câmara”, a iniciativa inovadora em Portugal, mas bem comum em países como os Estados Unidos da América ou Inglaterra, onde empresas privadas se encarregam deste tipo de actividades e atraem inúmeros fãs de estórias de detectives, partiu do vereador da cultura da autarquia, Luís Patrício, e o Teatro Reflexo encarregou-se de encenar a peça, escrita por Michel Simeão que foi, aliás, o actor responsável por trazer à vida o próprio Leal da Câmara, personagem real numa estória fictícia.

De acordo com o próprio, a “adesão tem sido excelente” e o número máximo de participantes teve de ser aumentado sendo que, mesmo assim, “houve pessoas que ficaram de fora”. De facto, esta iniciativa na qual o Jornal de Sintra também participou, começou no ano passado e em 10 dias a Casa-Museu recebeu cerca de “400 pessoas”.

Um jogo em equipa
O público não se limita a resolver um mistério através da encenação que lhe é dada a assistir, mas vê-se obrigado a interagir em equipa e a tomar parte num jogo cujas soluções ajudam a descobrir o assassino da peça.

Através de várias tarefas e questões, os visitantes, que trabalham em conjunto, podem ter acesso a cenas da peça que os vão guiando neste jogo de detectives em que os peões são os próprios actores. “A ideia era fazer qualquer coisa ao estilo do [jogo] Cluedo”, mas com a variante do “trabalho em equipa”, explicou o autor da peça.

Não se trata de uma encenação comum, mas sim dinamizada pelo movimento, já que os visitantes são convidados a percorrer as salas e os jardins da Casa-Museu, altura em que poderão conviver e trocar ideias com pessoas que não conhecem, mas que partilham do mesmo gosto por um bom enigma.

Hoje e amanhã serão os últimos dias desta iniciativa, a decorrer pelas 21.30h, que conta com a participação de vários actores conhecidos e que tem enchido de mistério e suspense a Casa-Museu Leal da Câmara.


Local do crime com intervenção de todas as personagens


texto: Vanessa Sena Sousa
fotos: Ricardo Graça

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