Político com Gato por fora
Depois de um frustrante “Zé Carlos”, programa com que regressaram à SIC e mesmo depois de terem anunciado umas prolongadas férias em que, diziam, iriam fazer tudo menos televisão e só regressariam para fazer aquilo que lhes desse mais gozo, os Gato Fedorento voltaram com o “Esmiúça os Sufrágios”. Voltaram bem, ainda que com alguns senãos, os mais flagrantes dos quais será o de não se perceber uma ou outra coisa: nomeadamente se se trata de um programa que tem pelo meio um anúncio a um fornecedor de serviços de tv cabo e televisão, ou completamente a inversa, o que não surpreenderia, pois nas suas férias nunca os deixámos de ter presentes, exactamente através desses mesmos anúncios. Daqui se poderia concluir, com algum cinismo, que aquilo que lhes dá gozo fazer são anúncios, que dão pouco trabalho e que devem pagar muitíssimo melhor do que qualquer programa de televisão. Por outro lado, os Gato voltaram com o seu formato mais pequeno de sempre (25 ou 26 minutos) o que vem dar peso à ideia de que o quarteto só trabalhará em televisão se a coisa não der muito trabalho.
O programa, em si, vem desmentir esta última questão, porque tudo indica que deve dar bastante trabalho a fazer, sobretudo se atentarmos que é diário – embora só dure até ao próximo dia 23 de Outubro. Estamos perante um programa que dura cerca de metade do tempo de “Zé Carlos” e que se estenderá no tempo durante seis semanas. Se fizermos as contas, teremos 30 programas de 25 minutos, o que equivale a 15 programas de 50: parece que os Gato optaram por condensar o trabalho numa base diária, espalhado por 30 emissões, em vez de trabalharem 15 semanas (quase quatro meses, caramba!) a um ritmo semanal. Atendamos ainda a que sensivelmente metade de cada programa é feita com as graçolas a que já nos habituaram, em formato de noticiário televisivo e que a segunda metade é que nos traz o sumo: a entrevista a um líder partidário.
O formato a que deitaram mão não existia em Portugal, mas existe lá fora. Provavelmente aquele em que se basearam foi o “Daily Show” norte-americano e transportaram-no, em versão reduzida para a realidade portuguesa. A coisa já devia andar a pairar nas suas cabeças há algum tempo, pois no “Diz que É uma Espécie de Magazine” já Ricardo Araújo Pereira dissera que “não perdemos ainda a esperança de ter vários políticos presentes, para serem entrevistados”. O que é verdade é que, com o seu primeiro programa, em que o entrevistado foi José Sócrates, os Gato conseguiram não só um resultado de audiência como nunca tiveram com “Zé Carlos” – mais de um milhão e 300 mil espectadores -, como também este mesmo resultado assinala que este programa da SIC foi o mais visto do dia. Coisa a que o Dr. Balsemão já não estava habituado, uma vez que a última ocasião em que o canal de Carnaxide tivera um programa mais visto do dia, aconteceu em Junho e, escusado será dizê-lo, com a transmissão de um jogo de futebol da selecção nacional.
Resta deixar uma pergunta no ar: uma vez que as entrevistas são a líderes políticos – e a coisa só resulta se esses líderes forem conhecidos do grande público - onde diacho irão eles encontrar 30 líderes? Resta-nos esperar para ver o que farão quando se esgotarem aqueles 10 que toda a gente conhece.
Há 10 anos escrevia
«Foi muito falada a estreia de um canal inteiramente de notícias e feito em Portugal. Estreou na passada quarta-feira, chama-se Canal de Notícias de Lisboa e é mais um canal da TV Cabo e só disponível através desta. O CNL tem estado em período de teste há já algum tempo, numa zona temporária da distribuição de canais da TV Cabo. Já perto da sua inauguração, falava-se que o CNL iria ocupar o canal 5, logo a seguir aos quatro canais nacionais. Mas de segunda para terça-feira, a TV Cabo reservara uma surpresa: e o Eng.º Graça Bau, responsável pela televisão por cabo, às quatro e meia da madrugada de terça-feira, alterou a ordem dos canais tal como estávamos habituados a eles. Isto é: a RTP 1 deixou de ser o canal 1, a RTP 2, a posição 2 nos nossos televisores, a SIC a número 3 e a TVI a número 4. E tudo isto porque a TV Cabo, sem uma palavra que fosse, sem um aviso aos seus assinantes, colocou o Canal de Notícias de Lisboa na posição 1 e os quatro canais nacionais avançaram um lugar.»
Depois de um frustrante “Zé Carlos”, programa com que regressaram à SIC e mesmo depois de terem anunciado umas prolongadas férias em que, diziam, iriam fazer tudo menos televisão e só regressariam para fazer aquilo que lhes desse mais gozo, os Gato Fedorento voltaram com o “Esmiúça os Sufrágios”. Voltaram bem, ainda que com alguns senãos, os mais flagrantes dos quais será o de não se perceber uma ou outra coisa: nomeadamente se se trata de um programa que tem pelo meio um anúncio a um fornecedor de serviços de tv cabo e televisão, ou completamente a inversa, o que não surpreenderia, pois nas suas férias nunca os deixámos de ter presentes, exactamente através desses mesmos anúncios. Daqui se poderia concluir, com algum cinismo, que aquilo que lhes dá gozo fazer são anúncios, que dão pouco trabalho e que devem pagar muitíssimo melhor do que qualquer programa de televisão. Por outro lado, os Gato voltaram com o seu formato mais pequeno de sempre (25 ou 26 minutos) o que vem dar peso à ideia de que o quarteto só trabalhará em televisão se a coisa não der muito trabalho.
O programa, em si, vem desmentir esta última questão, porque tudo indica que deve dar bastante trabalho a fazer, sobretudo se atentarmos que é diário – embora só dure até ao próximo dia 23 de Outubro. Estamos perante um programa que dura cerca de metade do tempo de “Zé Carlos” e que se estenderá no tempo durante seis semanas. Se fizermos as contas, teremos 30 programas de 25 minutos, o que equivale a 15 programas de 50: parece que os Gato optaram por condensar o trabalho numa base diária, espalhado por 30 emissões, em vez de trabalharem 15 semanas (quase quatro meses, caramba!) a um ritmo semanal. Atendamos ainda a que sensivelmente metade de cada programa é feita com as graçolas a que já nos habituaram, em formato de noticiário televisivo e que a segunda metade é que nos traz o sumo: a entrevista a um líder partidário.
O formato a que deitaram mão não existia em Portugal, mas existe lá fora. Provavelmente aquele em que se basearam foi o “Daily Show” norte-americano e transportaram-no, em versão reduzida para a realidade portuguesa. A coisa já devia andar a pairar nas suas cabeças há algum tempo, pois no “Diz que É uma Espécie de Magazine” já Ricardo Araújo Pereira dissera que “não perdemos ainda a esperança de ter vários políticos presentes, para serem entrevistados”. O que é verdade é que, com o seu primeiro programa, em que o entrevistado foi José Sócrates, os Gato conseguiram não só um resultado de audiência como nunca tiveram com “Zé Carlos” – mais de um milhão e 300 mil espectadores -, como também este mesmo resultado assinala que este programa da SIC foi o mais visto do dia. Coisa a que o Dr. Balsemão já não estava habituado, uma vez que a última ocasião em que o canal de Carnaxide tivera um programa mais visto do dia, aconteceu em Junho e, escusado será dizê-lo, com a transmissão de um jogo de futebol da selecção nacional.
Resta deixar uma pergunta no ar: uma vez que as entrevistas são a líderes políticos – e a coisa só resulta se esses líderes forem conhecidos do grande público - onde diacho irão eles encontrar 30 líderes? Resta-nos esperar para ver o que farão quando se esgotarem aqueles 10 que toda a gente conhece.
Há 10 anos escrevia
«Foi muito falada a estreia de um canal inteiramente de notícias e feito em Portugal. Estreou na passada quarta-feira, chama-se Canal de Notícias de Lisboa e é mais um canal da TV Cabo e só disponível através desta. O CNL tem estado em período de teste há já algum tempo, numa zona temporária da distribuição de canais da TV Cabo. Já perto da sua inauguração, falava-se que o CNL iria ocupar o canal 5, logo a seguir aos quatro canais nacionais. Mas de segunda para terça-feira, a TV Cabo reservara uma surpresa: e o Eng.º Graça Bau, responsável pela televisão por cabo, às quatro e meia da madrugada de terça-feira, alterou a ordem dos canais tal como estávamos habituados a eles. Isto é: a RTP 1 deixou de ser o canal 1, a RTP 2, a posição 2 nos nossos televisores, a SIC a número 3 e a TVI a número 4. E tudo isto porque a TV Cabo, sem uma palavra que fosse, sem um aviso aos seus assinantes, colocou o Canal de Notícias de Lisboa na posição 1 e os quatro canais nacionais avançaram um lugar.»
António Pessoa
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