As duas grandes bestas quadradas
JÁ ME COMPLICA com os nervos aquele júri dos “Ídolos”. Bem sei que já falei disto aqui: mas a maneira como os concorrentes têm sido tratados, nomeadamente no último domingo, é de bradar aos céus e era bom que alguém visse aquilo e tomasse providências Não conheço pessoalmente nenhum dos membros do júri – e, em relação a dois deles, nem quero vir a conhecer. É até provável que, no dia-a-dia, Manuel Moura Santos e Boucherie Mendes sejam duas pessoas civilizadas, de bom trato, amigos dos amigos, amantes das respectivas famílias, eu sei lá! A verdade, no entanto, é que ali, naquelas cadeirinhas azuis, perante jovens que acreditam que podem vir a ser alguma coisa na música, eles não são nada disso, pelo contrário: são umas bestas. E como estou a falar de dois membros do júri, isso já faz deles duas bestas quadradas.
CONFESSO-VOS QUE NÃO TENHO qualquer pudor em os tratar assim. É que chamar-lhes o que lhes chamei não é nada comparado com a forma como Manuel Moura Santos, que é presidente do júri e tem um voto que lhe permite o desempate, trata os concorrentes. Parece que foi para ali contrariado: não tivesse aceitado, não é? E Boucherie Mendes, o tal do olhar malandreco para alguma concorrente mais atraente, parece estar a fazer certa gala em seguir as pisadas do presidente, a imitar-lhe os tiques e os remoques. Não me parece aceitável que estando reunidos em palco os últimos 30 e tal (de onde sairão 15) Moura Santos possa chamar quatro ou cinco e dizer-lhes “Vocês estiveram entre os piores de hoje: estão eliminados”. Ou, que a mais um grupinho de outros tantos, se possa dar ao luxo de dizer “Chegaram ao vosso nível máximo de incompetência. Podem sair”. A estes, só lhe faltou mesmo acrescentar “Porque eu sou uma fera”. Para outro concorrente a coisa foi mais esclarecedora (duvidosa, mas esclarecedora): “Tu és a maior desilusão de todos.”
EU ENTENDERIA ESTA divisão se aquele júri, tão competente a mandar fora, tivesse sido capaz de cumprir o que estava programado. Isto é: aquilo que nós vemos em domingos consecutivos, aconteceu na realidade em dias seguidos. Os que passaram a fase dos castings, tiveram, logo a seguir, que se agrupar em trios – e aí, alguns dos elementos que os constituíam, ficaram pelo caminho. Os sobreviventes, os tais 30 e tal, tiveram, para o dia seguinte, de decorar uma canção e interpretá-la, sabendo que dessa fase sairiam os últimos 15. Mas este júri tão competente, tão ágil a dizer mal, tão rápido a denegrir, não foi capaz de chegar a uma conclusão unânime quanto aos 15 finalistas: e deixou pendurados umas duas dúzias de concorrentes por mais três dias - que para os espectadores em casa será mais uma semana.
NÃO SE PERCEBE ISTO: a não ser que, por falta de programação, à SIC lhe tivesse dado jeito ter um programinha extra. Mas mesmo que seja isso, não me parece honesto. Mas há mais. O programa pretende, nas suas próprias palavras, encontrar “o próximo Ídolo de Portugal”. Mas isso quer dizer o quê? Houveconcorrentes que já foram eliminados pela forma como iam vestidos. O que queria o júri? Que os concorrentes se apresentassem com o estilo de Mónica Sinta ou Tony Carreira ou que, como qualquer ídolo que se preze, tenha aparecido da forma que melhor lhe parecia e na qual se sentia mais à vontade? Ainda bem que Moura Santos não é agente de Robbie Williams – ou este não teria ido a lado nenhum, sem o despedir primeiro.
Há 10 anos escrevia
«A “Residencial Tejo” não é, como muito bem quer a proprietária, uma residencial – é uma pensão. Se fosse só isso, estávamos nós bem. Mas é mais ainda: é uma pensão e é mal frequentada. Ninguém o diria, com tanta gente ilustre e conhecida a recheá-la. Mas isto de recheios (e aproveitando a época que nem está longe) é como os perus: só depois de aberto é que se vêem as qualidades do bicho. Este outro recheio de que vos falo, não tinha nem pinhões nem nozes, mas tinha, convém dizê-lo, todos os matadores e requisitos fundamentais: ele era Ana Paula, Canto e Castro, Fernanda Borsatti, Maria do Céu Guerra e, assim como quem junta um toque de pimenta para corrigir o tempero, tinha ainda António Vitorino d’Almeida. A fazer de actor.»
JÁ ME COMPLICA com os nervos aquele júri dos “Ídolos”. Bem sei que já falei disto aqui: mas a maneira como os concorrentes têm sido tratados, nomeadamente no último domingo, é de bradar aos céus e era bom que alguém visse aquilo e tomasse providências Não conheço pessoalmente nenhum dos membros do júri – e, em relação a dois deles, nem quero vir a conhecer. É até provável que, no dia-a-dia, Manuel Moura Santos e Boucherie Mendes sejam duas pessoas civilizadas, de bom trato, amigos dos amigos, amantes das respectivas famílias, eu sei lá! A verdade, no entanto, é que ali, naquelas cadeirinhas azuis, perante jovens que acreditam que podem vir a ser alguma coisa na música, eles não são nada disso, pelo contrário: são umas bestas. E como estou a falar de dois membros do júri, isso já faz deles duas bestas quadradas.
CONFESSO-VOS QUE NÃO TENHO qualquer pudor em os tratar assim. É que chamar-lhes o que lhes chamei não é nada comparado com a forma como Manuel Moura Santos, que é presidente do júri e tem um voto que lhe permite o desempate, trata os concorrentes. Parece que foi para ali contrariado: não tivesse aceitado, não é? E Boucherie Mendes, o tal do olhar malandreco para alguma concorrente mais atraente, parece estar a fazer certa gala em seguir as pisadas do presidente, a imitar-lhe os tiques e os remoques. Não me parece aceitável que estando reunidos em palco os últimos 30 e tal (de onde sairão 15) Moura Santos possa chamar quatro ou cinco e dizer-lhes “Vocês estiveram entre os piores de hoje: estão eliminados”. Ou, que a mais um grupinho de outros tantos, se possa dar ao luxo de dizer “Chegaram ao vosso nível máximo de incompetência. Podem sair”. A estes, só lhe faltou mesmo acrescentar “Porque eu sou uma fera”. Para outro concorrente a coisa foi mais esclarecedora (duvidosa, mas esclarecedora): “Tu és a maior desilusão de todos.”
EU ENTENDERIA ESTA divisão se aquele júri, tão competente a mandar fora, tivesse sido capaz de cumprir o que estava programado. Isto é: aquilo que nós vemos em domingos consecutivos, aconteceu na realidade em dias seguidos. Os que passaram a fase dos castings, tiveram, logo a seguir, que se agrupar em trios – e aí, alguns dos elementos que os constituíam, ficaram pelo caminho. Os sobreviventes, os tais 30 e tal, tiveram, para o dia seguinte, de decorar uma canção e interpretá-la, sabendo que dessa fase sairiam os últimos 15. Mas este júri tão competente, tão ágil a dizer mal, tão rápido a denegrir, não foi capaz de chegar a uma conclusão unânime quanto aos 15 finalistas: e deixou pendurados umas duas dúzias de concorrentes por mais três dias - que para os espectadores em casa será mais uma semana.
NÃO SE PERCEBE ISTO: a não ser que, por falta de programação, à SIC lhe tivesse dado jeito ter um programinha extra. Mas mesmo que seja isso, não me parece honesto. Mas há mais. O programa pretende, nas suas próprias palavras, encontrar “o próximo Ídolo de Portugal”. Mas isso quer dizer o quê? Houveconcorrentes que já foram eliminados pela forma como iam vestidos. O que queria o júri? Que os concorrentes se apresentassem com o estilo de Mónica Sinta ou Tony Carreira ou que, como qualquer ídolo que se preze, tenha aparecido da forma que melhor lhe parecia e na qual se sentia mais à vontade? Ainda bem que Moura Santos não é agente de Robbie Williams – ou este não teria ido a lado nenhum, sem o despedir primeiro.
Há 10 anos escrevia
«A “Residencial Tejo” não é, como muito bem quer a proprietária, uma residencial – é uma pensão. Se fosse só isso, estávamos nós bem. Mas é mais ainda: é uma pensão e é mal frequentada. Ninguém o diria, com tanta gente ilustre e conhecida a recheá-la. Mas isto de recheios (e aproveitando a época que nem está longe) é como os perus: só depois de aberto é que se vêem as qualidades do bicho. Este outro recheio de que vos falo, não tinha nem pinhões nem nozes, mas tinha, convém dizê-lo, todos os matadores e requisitos fundamentais: ele era Ana Paula, Canto e Castro, Fernanda Borsatti, Maria do Céu Guerra e, assim como quem junta um toque de pimenta para corrigir o tempero, tinha ainda António Vitorino d’Almeida. A fazer de actor.»
António Pessoa
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