Sintra/Brasil



Base Aérea N.º 1 em Sintra
inaugura novas instalações do Museu do Ar


O passado dia 14 foi vivido em festa na Base Aérea N.º 1, em Sintra – no ano em que se comemoram os 100 anos da Aviação em Portugal –, com a inauguração das novas instalações do Museu do Ar, sedeado naquela base. Uma cerimónia a que presidiu o chefe do Estado-Maior da Força Aérea, general Luís Araújo, e na qual participou o presidente da Câmara Municipal de Sintra e muitas outras entidades militares e civis.

O Museu do Ar “é fiel depositário de uma época pioneira da História da Aviação Portuguesa e alberga o mais valioso conjunto de peças da Aeronáutica Portuguesa, numa colecção única em qualidade e valor, possuindo um total de 104 aeronaves, de diferentes tipos, das quais só um pequeno número se encontra à vista do público, permanecendo a restante, por evidente falta de espaço, nas reservas da instituição”. “Existe desde 1968, tendo estado sedeado provisoriamente em Alverca” e “há muito que se assume como a única instituição pública destinada exclusivamente a cuidar da preservação, divulgação e exposição dos testemunhos históricos da Aeronáutica Portuguesa”, segundo informação contida no folheto colocado à disposição dos visitantes no dia da cerimónia inaugural do Museu do Ar. Neste momento o Museu do Ar, para além desta infra-estrutura em Sintra, conta ainda com dois pólos em Alverca e Ovar.

A sessão solene com que se iniciou a inauguração das novas instalações do Museu do Ar na Base Aérea N.º 1, na Granja do Marquês, em Sintra, as quais vieram permitir a transferência do espólio que se encontrava nas primitivas instalações do Museu, em Alverca, foi presidida pelo chefe do Estado-Maior da Força Aérea, general Luís Araújo, na qual participaram o presidente e o vice-presidente da Câmara, Fernando Seara e Marco Almeida, alguns vereadores, a representante da TAP e o representante do Brasil, para além do corpo de oficiais e soldados aviadores da Base Aérea e muitos outros convidados.



Sessão de apresentação do livro e da oferta do “14Bis”


Fernando Seara recorda pioneiros da Aviação portuguesa
No Auditório da Base, onde teve lugar a sessão solene, foram proferidos alguns discursos por diversas individualidades, entre as quais o presidente da Câmara, Fernando Seara, que recordou alguns importantes feitos protagonizados por pioneiros da aviação, portugueses ou estrangeiros, entre os quais o Padre Bartolomeu de Gusmão com a sua “Passarola”, ou Gago Coutinho e Sacadura Cabral, que realizaram a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, ligando por esta via Portugal e o Brasil. O presidente da Câmara de Sintra adiantou depois que “esta cerimónia da inauguração do Museu do Ar perspectiva uma nova dinamização de um local cheio de lembranças e sentimentos e o transforma num espaço de cultura viva da história da Aviação em Portugal, graças à localização, desde 1920, da Base Primeira da Força Aérea Portuguesa na Granja do Marquês” e a sua abertura ao público “é o resultado da vontade de uma instituição que se identifica com a comunidade e os seus cidadãos”.

Mais adiante Fernando Seara referiu-se à doação da réplica do “14Bis” de Santos-Dumont – feita pela Aviação brasileira ao Museu do Ar –, o qual “legou a toda a humanidade a definitiva conquista dos céus”. Lembrou depois, entre outros extraordinários feitos no campo do pioneirismo da aviação, os de alguns portugueses, tais como o de Óscar Monteiro Torres nos céus de França, de Gago Coutinho e Sacadura Cabral na primeira travessia aérea do Atlântico Sul, ou a Viagem Aerostática feita entre Lisboa e o lugar de Galamares em Sintra, no dia 14 de Março de 1819, por Eugénio Robertson e Estêvão Gaspar Robertson, ou o voo da “Passarola” de Bartolomeu de Gusmão, em 1709, todos eles registos de um memorável e prestigiante percurso histórico da aeronáutica portuguesa”.

O edil sintrense afirmou a seguir, referindo-se ao Museu do Ar e seu espólio, que “importa reconhecer que a recuperação plena deste património exigiu um trabalho e um esforço que não se esgota aqui e agora” e que “estamos perante um bem que, por pertencer a todos, é da responsabilidade de todos. E neste âmbito, o Município de Sintra continua disponível para colaborar com a Força Aérea Portuguesa nos seus projectos de desenvolvimento deste espaço”. E mais adiante: “A partir de hoje este património, para além da sua riqueza inestimável, passa a poder ser objecto de estudo, de contemplação estética e de identificação da nossa cultura”. Fernando Seara terminou manifestando às entidades presentes “o meu sincero e profundo agradecimento e um bem-hajam pelo acto aqui e agora registado”.

Nome de Jorge Lemos atribuído a rua da Base
Encerrou a série de discursos o chefe do Estado-Maior da Força Aérea, general Luís Araújo, que referiu a falta antes existente de um espaço onde concentrar todo o espólio da Força Aérea, que se encontrava disperso, pelo que foi criado este Museu do Ar na Base Aérea 1, agradecendo à Câmara de Sintra todo o apoio que concedeu na construção desta infra-estrutura.

O general Luís Araújo recordou a seguir a memória de Jorge Lemos, já falecido, que foi o impulsionador desta obra, cujo nome foi atribuído a uma rua da Base Aérea 1.

Seguiu-se o descerramento da placa alusiva ao acto da inauguração do Museu e a visita àquele espaço, onde estão expostas muitas aeronaves, entre as quais uma réplica do “14BIS”, aeronave construída pelo brasileiro Santos Dumont, considerado por muitos “o pai da aviação”, a qual realizou o seu primeiro voo experimental em 23 de Outubro de 2006, para além de centenas de fotografias relacionadas com a aviação e seus pioneiros, fardamentos, equipamentos de navegação, inúmeros objectos relacionados com a Aviação portuguesa, para além de testemunhos de viagens feitas por aviões da companhia transportadora portuguesa.

A preceder a visita, e neste mesmo local, realizou-se a sessão de apresentação do livro com a história da Base Aérea e do Museu, tendo o representante do Brasil feito uma elucidativa exposição sobre a aviação brasileira e a oferta do “14Bis” pelo Museu do Ar brasileiro ao Museu do Ar na Base Aérea 1.

Um beberete selou a festiva e histórica tarde.






Texto e fotos: António Faias

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