Resulta da divisão em 2001 da antiga freguesia de Agualva-Cacém. Tem 50 mil habitantes e é a terceira maior freguesia do concelho. Foi durante anos um território considerado como subúrbio de Lisboa, não possuindo serviços ou equipamentos urbanos que garantissem a qualidade de vida, uma situação que progressivamente tem vindo a sofrer alterações. Conhecida também devido ao caos urbanístico, a partir de 2003, com o início das obras do Cacém Polis, tem procurado requalificar o espaço público urbano e dotar-se de novas acessibilidades.
É preciso outro Polis para a freguesia
Os candidatos à freguesia de Agualva são unânimes na defesa de mais requalificação urbana para a cidade e defendem o alargamento do Programa Polis. “A situação é de tal forma grave que se justifica outro programa Polis que envolva toda a freguesia”, resume Rui Ramos, candidato da CDU. A ideia é avançada no primeiro de um ciclo de debates sobre as autárquicas promovido pela Rádio Clube de Sintra, Rádio Ocidente e Jornal de Sintra.
“Faz sentido e é nesse caminho que devemos seguir”, considera também Sérgio Bernardo, do Movimento Mérito e Sociedade (MMS). Já para Rui Castelhano, o actual presidente da Junta e candidato da Coligação Mais Sintra (PDS/PP/ MPT e PPM), “devíamos aprender com a lição do Polis, que serviu para melhorar uma pequena parte da cidade, importante, mas apenas uma pequena parte”.
No debate moderado pelos jornalistas Jorge Tavares e Luís Miguel Baptista, os cinco cabeças de lista foram também unânimes nas críticas ao atraso das obras. “É um dos nossos projectos, do qual nos orgulhamos, e estou certo que se tivéssemos continuado na autarquia estaria mais avançado, se não mesmo concluído”, diz o socialista Manuel Rocha, que critica o atraso “após a chegada de Durão Barroso ao Governo” e o “desinteresse” da Câmara de Sintra.
O PS lembra que “falta construir o equipamento mais importante, na parcela 18, ou seja, o edifício da nova Baixa”, mas o presidente da Junta justifica que o atraso deve-se às alterações ao financiamento. “Foi necessário redefinir metas e isso não se faz num dia. Mas a Câmara teve essa capacidade e redefiniu o programa para que se adaptasse ao novo financiamento”, diz.
No entanto, o MMS afirma que “os cidadãos olham para o Polis e sentem que é mais um elefante branco que PS e PSD, e os que circulam à volta, usam para trocar galhardetes”. Sérgio Bernardo pede mais clareza nos discursos, mais informação para os munícipes e mais obra. “O Polis é muito limitado, como o Rui disse, porque grande parte das obras estão no Cacém”. Já o BE considera que o Polis “é positivo, mas foi feito de forma deficiente”. Teodósio Alcobia critica os responsáveis autárquicos que permitiram o caos urbanístico ao longo dos anos e recorda que a comissão de acompanhamento do projecto presidida pelo presidente Fernando Seara, que deveria juntar representantes das juntas e das assembleias de freguesia, “não reuniu uma única vez em quatro anos”.
No caso do túnel sob a linha de Sintra, parado há quase um ano, Rui Castelhano defende que “a Câmara tem-se empenhado e assumiu o pagamento e as responsabilidades de outras entidades”. Mas o PS teme que tudo não passe de “um pseudo-acordo com a Refer, que mais parece propaganda, porque ninguém o conhece”. Também Rui Ramos, da CDU, diz esperar que “o presidente da Junta não venha a chamar novamente mentiroso a Seara, como aconteceu em relação à Feira de Agualva”.
Por seu lado, o BE, lembra que “o túnel é mais um lago a juntar ao outro [dos quatro caminhos] onde já morreram pessoas, e está-se à espera que ali também aconteça” um acidente. Rui Castelhano admite que “o lago” é perigoso mas acredita que “daqui a um ano, ou ano e meio vamos ter a obra pronta”.
Último mandato com nota negativa
Outro aspecto que gera consenso no exterior do Executivo é a avaliação “bastante negativa” do último mandato. “A Junta limitou-se a fazer a gestão corrente, em muitos casos bastante errada, e a centrar a actuação em áreas que já estavam organizadas”, diz Manuel Rocha, que dá como exemplo a contabilização de jantares do Executivo na rubrica “apoio social”.
A CDU partilha da crítica, mas atribui responsabilidades ao PS, que permitiu que “o Executivo fosse monolítico” e em consequência cometesse “algumas barbaridades, como a utilização do erário público de forma incorrecta”. Entre as acusações, incluem-se gastos “como as pós graduações pagas ao presidente da Junta e a outro vogal, no valor de 6360 euros, copos bebidos num bar da freguesia e os quilómetros pagos ao presidente, que não são despesas de representação”, lembra Rui Ramos.
Também o BE critica a Junta e o PS. “O acordo PS/Coligação, levou a que o PS tivesse feito parte do mandato muito quietinho, sem grandes críticas”, acusa Alcobia, que recorda a moção de censura que apresentou e foi votada favoravelmente pelas outras forças. O BE critica ainda o último boletim da freguesia, nomeadamente o “facto lamentável de publicar uma página em branco dizendo que até ao fecho da edição não recebeu artigos da CDU e do BE”. O gesto já valeu uma queixa à Comissão Nacional de Eleições.
Por seu lado, o MMS afirma que “a junta está divorciada das instituições sociais”, embora tente demarcar-se do discurso político. “Acho interessante ouvir os políticos a falar, porque são especialistas em jogos políticos. Mas eu e o MMS não nos reconhecemos como políticos, somos pessoas normais, não nos queremos dedicar à politica, mas sim à freguesia”, disse.
O presidente da Junta defende- se e diz ter “noção que estamos a um mês de eleições e que interessa mandar para a rua certo tipo de ideias”. Sobre as críticas, o autarca remete para a página da internet da Junta de Freguesia. “Não vou dar a minha interpretação, as pessoas que vão lá. Além do ofício que veio do Tribunal de Contas, a Junta solicitou um parecer à CCDR sobre a legalidade de algumas despesas e esta entidade deu-nos razão”, defende.
«Queremos continuar a dinâmica dos últimos quatro anos, que deu uma volta a Agualva, e acabar a cidade» Rui Castelhano, Coligação Mais Sintra
texto e fotos: Luís Galrão
“Faz sentido e é nesse caminho que devemos seguir”, considera também Sérgio Bernardo, do Movimento Mérito e Sociedade (MMS). Já para Rui Castelhano, o actual presidente da Junta e candidato da Coligação Mais Sintra (PDS/PP/ MPT e PPM), “devíamos aprender com a lição do Polis, que serviu para melhorar uma pequena parte da cidade, importante, mas apenas uma pequena parte”.
No debate moderado pelos jornalistas Jorge Tavares e Luís Miguel Baptista, os cinco cabeças de lista foram também unânimes nas críticas ao atraso das obras. “É um dos nossos projectos, do qual nos orgulhamos, e estou certo que se tivéssemos continuado na autarquia estaria mais avançado, se não mesmo concluído”, diz o socialista Manuel Rocha, que critica o atraso “após a chegada de Durão Barroso ao Governo” e o “desinteresse” da Câmara de Sintra.
O PS lembra que “falta construir o equipamento mais importante, na parcela 18, ou seja, o edifício da nova Baixa”, mas o presidente da Junta justifica que o atraso deve-se às alterações ao financiamento. “Foi necessário redefinir metas e isso não se faz num dia. Mas a Câmara teve essa capacidade e redefiniu o programa para que se adaptasse ao novo financiamento”, diz.
No entanto, o MMS afirma que “os cidadãos olham para o Polis e sentem que é mais um elefante branco que PS e PSD, e os que circulam à volta, usam para trocar galhardetes”. Sérgio Bernardo pede mais clareza nos discursos, mais informação para os munícipes e mais obra. “O Polis é muito limitado, como o Rui disse, porque grande parte das obras estão no Cacém”. Já o BE considera que o Polis “é positivo, mas foi feito de forma deficiente”. Teodósio Alcobia critica os responsáveis autárquicos que permitiram o caos urbanístico ao longo dos anos e recorda que a comissão de acompanhamento do projecto presidida pelo presidente Fernando Seara, que deveria juntar representantes das juntas e das assembleias de freguesia, “não reuniu uma única vez em quatro anos”.
No caso do túnel sob a linha de Sintra, parado há quase um ano, Rui Castelhano defende que “a Câmara tem-se empenhado e assumiu o pagamento e as responsabilidades de outras entidades”. Mas o PS teme que tudo não passe de “um pseudo-acordo com a Refer, que mais parece propaganda, porque ninguém o conhece”. Também Rui Ramos, da CDU, diz esperar que “o presidente da Junta não venha a chamar novamente mentiroso a Seara, como aconteceu em relação à Feira de Agualva”.
Por seu lado, o BE, lembra que “o túnel é mais um lago a juntar ao outro [dos quatro caminhos] onde já morreram pessoas, e está-se à espera que ali também aconteça” um acidente. Rui Castelhano admite que “o lago” é perigoso mas acredita que “daqui a um ano, ou ano e meio vamos ter a obra pronta”.
Último mandato com nota negativa
Outro aspecto que gera consenso no exterior do Executivo é a avaliação “bastante negativa” do último mandato. “A Junta limitou-se a fazer a gestão corrente, em muitos casos bastante errada, e a centrar a actuação em áreas que já estavam organizadas”, diz Manuel Rocha, que dá como exemplo a contabilização de jantares do Executivo na rubrica “apoio social”.
A CDU partilha da crítica, mas atribui responsabilidades ao PS, que permitiu que “o Executivo fosse monolítico” e em consequência cometesse “algumas barbaridades, como a utilização do erário público de forma incorrecta”. Entre as acusações, incluem-se gastos “como as pós graduações pagas ao presidente da Junta e a outro vogal, no valor de 6360 euros, copos bebidos num bar da freguesia e os quilómetros pagos ao presidente, que não são despesas de representação”, lembra Rui Ramos.
Também o BE critica a Junta e o PS. “O acordo PS/Coligação, levou a que o PS tivesse feito parte do mandato muito quietinho, sem grandes críticas”, acusa Alcobia, que recorda a moção de censura que apresentou e foi votada favoravelmente pelas outras forças. O BE critica ainda o último boletim da freguesia, nomeadamente o “facto lamentável de publicar uma página em branco dizendo que até ao fecho da edição não recebeu artigos da CDU e do BE”. O gesto já valeu uma queixa à Comissão Nacional de Eleições.
Por seu lado, o MMS afirma que “a junta está divorciada das instituições sociais”, embora tente demarcar-se do discurso político. “Acho interessante ouvir os políticos a falar, porque são especialistas em jogos políticos. Mas eu e o MMS não nos reconhecemos como políticos, somos pessoas normais, não nos queremos dedicar à politica, mas sim à freguesia”, disse.
O presidente da Junta defende- se e diz ter “noção que estamos a um mês de eleições e que interessa mandar para a rua certo tipo de ideias”. Sobre as críticas, o autarca remete para a página da internet da Junta de Freguesia. “Não vou dar a minha interpretação, as pessoas que vão lá. Além do ofício que veio do Tribunal de Contas, a Junta solicitou um parecer à CCDR sobre a legalidade de algumas despesas e esta entidade deu-nos razão”, defende.
«Queremos continuar a dinâmica dos últimos quatro anos, que deu uma volta a Agualva, e acabar a cidade» Rui Castelhano, Coligação Mais Sintra
«É necessário que as pessoas tenham orgulho de viver em Agualva, esse é o sonho da nossa equipa» Manuel Rocha, PS
«O nosso grande desafio é fazer tudo para humanizar Agualva com honestidade e competência» Rui Ramos, CDU
«Vamos continuar na linha da frente ao lado das populações, a denunciar o que há a denunciar» Teodósio Alcobia, BE
«Queremos melhorar a qualidade de vida das pessoas, porque existe muito por fazer a nível social» Sérgio Bernardo, MMS
texto e fotos: Luís Galrão
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