Almargem do Bispo - Autárquicas 2009



Almar
gem do Bispo
Situada num extremo do concelho, abrange cerca de 37 quilómetros quadrados mas tem menos de 9000 habitantes. Em Almargem, Aruil e Albogas ainda se produz grande parte das hortaliças que abastecem os mercados de Lisboa, Sintra e Cascais.

Saneamento básico e saúde continuam por resolver

Dois dos candidatos a Almargem do Bispo são unânimes na identificação dos problemas da freguesia. PS e CDU queixam-se do “abandono” de Almargem, do saneamento incompleto e das carências de equipamentos de saúde. No debate inserido no especial informação “Autárquicas 2009” foi notória a ausência de Marco Caneira, candidato da Coligação Mais Sintra, que não compareceu à iniciativa promovida pela Rádio Clube de Sintra, Rádio Ocidente e Jornal de Sintra.

“A saúde é um dos principais problemas, porque a freguesia é enorme e dispersa e o possível encerramento das extensões de Sabugo, Dona Maria, Negrais e Almargem poderá criar grandes dificuldades a uma população envelhecida”, alerta António Flamino, candidato da CDU. O encerramento, diz, poderá obrigar os utentes a deslocarse a Pêro Pinheiro, “a uma distância maior, quase 20 quilómetros, de Dona Maria, por exemplo.”

A freguesia tem planos para a construção de um novo centro de saúde mas o projecto arrasta-se há anos. “Chegou a ser reservado um lote e o anterior executivo PS elaborou um projecto de arquitectura”, conta Rui Maximiano, do PS. Mas o projecto não avançou “por razões de ordem técnica”, diz. Entretanto, surgiu também a hipótese “de um armazém no centro da aldeia, perto do actual centro de saúde, para estar próximo da farmácia e do terminal dos autocarros”, mas a solução também não se concretizou. “A última iniciativa foi a disponibilização por parte da Assembleia de Freguesia de um terreno de 5000 metros quadrados para a dita construção, mas a situação parece que também já andou para trás”, lamenta o PS. A CDU aponta o impasse à Administração Regional de Saúde (ARS) e à falta de apoio da Câmara. “Pedimos apoio ao presidente Seara, que disse para estarmos quietos porque não era uma competência da Junta e que ele iria falar com o [anterior] Ministro. A verdade é que ainda não há centro de saúde”, lamenta António Flamino.

Nesta matéria, o PS reforça que “a solução passa por uma decisão do poder central, porque a Junta não tem condições” e promete “tornar este assunto uma bandeira”. A promessa coincide com a da CDU, que garante não baixar os braços. “Temos o ofício da ARS mostrando-se interessada no terreno e é obrigação do Ministério da Saúde melhorar as condições dos fregueses”, assegura o candidato.

A divergência entre candidatos surge apenas no tema do saneamento, com o PS a apontar críticas aos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS), geridos pela CDU. O PS considera “inadmissível exigir às pessoas que continuem a ter de chamar o carro da limpeza para despejar as fossas cépticas” e alerta que a situação leva à existência de esgotos a céu aberto em vários locais, inclusive nos bairros clandestinos da freguesia, outro tema que preocupa os candidatos. A CDU responde e diz que “o vereador Baptista Alves, presidente do Conselho de Administração, tem feito um bom trabalho e chegou a 50 por cento da freguesia”. António Flamino justifica o atraso no restante saneamento com a falta de empenho da Câmara e da Simtejo, a empresa do concelho de Loures com a qual os SMAS está a negociar uma solução para a restante área de Almargem. Quanto aos clandestinos, a CDU alerta que há “22 bairros de génese ilegal que não têm água nem saneamento, nem tão-pouco caminhos”. O problema, diz o PS, “passa pela legalização e pelo empenho na urbanização por parte das associações e da Câmara”. Mas a CDU acusa a autarquia de ter esquecido o assunto. “Só me lembro de haver apoio no mandato em que um vereador da CDU esteve responsável por este pelouro, há 13 anos. Daí para cá, nada se fez”, diz António Flamino. O debate entre os dois candidatos abordou ainda os grandes projectos que não saem do papel. No caso da Casa das Selecções, António Flamino é peremptório. “Nos últimos quatro anos não foi feita qualquer obra e não há qualquer resposta da Câmara sobre o assunto”. O PS, por seu lado recorda que no final de 2008 a Assembleia de Freguesia recebeu um recado de Fernando Seara. “Foi-nos transmitido que não nos preocupássemos, porque quem ia construir a Casa das Selecções não era a Câmara, mas ele, o presidente Seara”, conta.

Os dois candidatos alinham nas críticas ao comportamento da Câmara e lamentam que o projecto não tenha passado da primeira pedra lançada em 1999. “É mais uma das brincadeiras de Seara a juntar à Cidade do Cinema, que também teve um lançamento mediático e depois não se soube de mais nada, como eventualmente também a candidatura do seu cabeça de lista à freguesia, que tem muito glamour mas não traz consequências”, avança Rui Maximiano.

No entanto, o descontentamento da Junta vai ter consequências com a denúncia do protocolo de comodato celebrado com a Câmara e com a Federação Portuguesa de Futebol. “Vamos accionar a cláusula relativa ao prazo de início das obras, que era de três anos e que diz que se a obras não avançassem, o terreno revertia a favor da Junta. Por isso já enviámos ofícios a requerer o retorno do terreno, porque passaram quase dez anos sem obra”, explica António Flamino, que sugere um hotel de turismo rural para parte do espaço.

Outra proposta na área do turismo surge do PS, que quer promover uma semana gastronómica da freguesia. “O leitão de Negrais é o nosso maior cartão-de-visita e um dos fenómenos que atraem mais pessoas de fora, e se é efectivamente tão importante tem de ser mantido como bandeira de promoção turística e económica. Por isso vamos convidar os restaurantes, não apenas os de leitão, a promover os seus produtos”, revela o socialista.


«Apresento-me aos fregueses com grande determinação e se ganhar vou convidar todas as forças políticas a fazer parte do executivo» António Flamino, CDU


«Há uma necessidade de mudança e para isso a minha candidatura aposta em três princípios: participação, transparência e valorização» Rui Maximiano, PS



texto e fotos: Luís Galrão

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