De facto, não tem havido muito mais do que a campanha e o caso das escutas – ou, como se fosse noutros países, o “Escutagate”. Ou, talvez, o “Crashgate”, a história do acidente da Renault, o ano passado em Singapura, para que Alonso ganhasse. O nosso “gate”, o nacional, e ao contrário do que é costume, é tão vergonhoso como o “gate” estrangeiro – o que só nos relança na corrida para qualquer título europeu. O Bloco de Esquerda já tinha revelado no dia 9 de Setembro que quem levantou as suspeitas sobre as escutas do Governo à Presidência da República fora Fernando Lima, assessor de imprensa de Cavaco Silva. Naquele dia, no programa da SIC “Os Candidatos como Nunca os Viu”, Francisco Louçã disse: “Um dos entretenimentos deste Verão foi esta história do Presidente: faz saber por via do Dr. Fernando Lima, que é uma fonte anónima da Presidência da República, que achava que tinha sido escutado em Belém”. Isto, comentando a notícia publicada a 9 de Agosto no jornal Público, onde uma fonte anónima afirmava que na presidência existiam suspeitas de que o gabinete de José Sócrates estava a vigiar os assessores de Cavaco Silva.
Louçã não ficou por aqui e em declarações à jornalista que estava a conduzir aquele programa, Raquel Alexandra, considerou este episódio como a prova da “parte da política que se transformou numa espécie de representação para si própria” e criticou abertamente Cavaco Silva por este ficar em silêncio e falar por fontes paralelas num caso tão grave como este. No dia seguinte à transmissão do programa, e contactado pelo Diário de Notícias para esclarecer melhor as afirmações, Louçã explicou que atribui a autoria das suspeitas a Fernando Lima, por considerar que a Casa Civil da Presidência da República “não tem fontes anónimas” pelo que, na sua opinião, a responsabilidade era do assessor de imprensa de Belém. E, ao que parece, foi.
Não fica bem, nesta fotografia de grupo, Cavaco Silva – para quem muitos pedem a resignação – e que insiste em manter-se em silêncio até depois das eleições, como se não tivesse já causado estragos suficientes. Quem também não fica bem no retrato é José Manuel Fernandes, director do jornal Público, que fez manchete deste imbróglio… com ano e meio de atraso. Será por ir deixar o Público para ser assessor de Cavaco Silva? “Já se percebeu na telenovela mexicana em que se transformou toda esta história de escutas que afinal não eram escutas, era o caso de um tal assessor que se tinha sentado numa mesa errada há meio ano atrás”, como dizia Francisco Louçã. Novela ou não novela, mexicana ou colombiana, convinha pôr-lhe um ponto final. Mas Cavaco Silva não abre a boca, só demite o assessor de imprensa. Caramba, nas novelas costumam acabar aos beijos. Vá Lá a gente entender isto. E resta saber se isto não se traduz em qualquer coisa como uma conjugação estranha do verbo escutar que seria “eu escuto, tu publicas, ele denuncia, nós ficamos boquiabertos, vós estarreceis… e eles não votam”. Eles, o povo. Por causa de um silêncio? Porque um Presidente só (a)demite e mais nada?
Há 10 anos escrevia
«Falo das 1000 emissões da “Praça da Alegria” de Manuel Luís Goucha, que estavam previstas ser comemoradas com pompa e circunstância mas que, devido aos momentos que se viviam em Timor, acabou por ser adiada para uma altura mais oportuna. Na minha opinião, Manuel Luís Goucha fez bem: o momento não convidava a festas e a cantorias, e tanto Goucha como a “Praça” são duas verdadeiras instituições – era necessário que se comportassem à altura. E fizeram-no. Por alguma razão se tem a audiência que se tem, durante a manhã, ao longo de 1000 manhãs sempre impecáveis. Há quem ligue para a SIC, no mesmo período, para ver Júlia Pinheiro num programa gravado, quando se pode ver o à vontade de Manuel Luís Goucha a trabalhar sem rede? Caramba, só se for para ver algum familiar entre a assistência!»
António Pessoa
Louçã não ficou por aqui e em declarações à jornalista que estava a conduzir aquele programa, Raquel Alexandra, considerou este episódio como a prova da “parte da política que se transformou numa espécie de representação para si própria” e criticou abertamente Cavaco Silva por este ficar em silêncio e falar por fontes paralelas num caso tão grave como este. No dia seguinte à transmissão do programa, e contactado pelo Diário de Notícias para esclarecer melhor as afirmações, Louçã explicou que atribui a autoria das suspeitas a Fernando Lima, por considerar que a Casa Civil da Presidência da República “não tem fontes anónimas” pelo que, na sua opinião, a responsabilidade era do assessor de imprensa de Belém. E, ao que parece, foi.
Não fica bem, nesta fotografia de grupo, Cavaco Silva – para quem muitos pedem a resignação – e que insiste em manter-se em silêncio até depois das eleições, como se não tivesse já causado estragos suficientes. Quem também não fica bem no retrato é José Manuel Fernandes, director do jornal Público, que fez manchete deste imbróglio… com ano e meio de atraso. Será por ir deixar o Público para ser assessor de Cavaco Silva? “Já se percebeu na telenovela mexicana em que se transformou toda esta história de escutas que afinal não eram escutas, era o caso de um tal assessor que se tinha sentado numa mesa errada há meio ano atrás”, como dizia Francisco Louçã. Novela ou não novela, mexicana ou colombiana, convinha pôr-lhe um ponto final. Mas Cavaco Silva não abre a boca, só demite o assessor de imprensa. Caramba, nas novelas costumam acabar aos beijos. Vá Lá a gente entender isto. E resta saber se isto não se traduz em qualquer coisa como uma conjugação estranha do verbo escutar que seria “eu escuto, tu publicas, ele denuncia, nós ficamos boquiabertos, vós estarreceis… e eles não votam”. Eles, o povo. Por causa de um silêncio? Porque um Presidente só (a)demite e mais nada?
Há 10 anos escrevia
«Falo das 1000 emissões da “Praça da Alegria” de Manuel Luís Goucha, que estavam previstas ser comemoradas com pompa e circunstância mas que, devido aos momentos que se viviam em Timor, acabou por ser adiada para uma altura mais oportuna. Na minha opinião, Manuel Luís Goucha fez bem: o momento não convidava a festas e a cantorias, e tanto Goucha como a “Praça” são duas verdadeiras instituições – era necessário que se comportassem à altura. E fizeram-no. Por alguma razão se tem a audiência que se tem, durante a manhã, ao longo de 1000 manhãs sempre impecáveis. Há quem ligue para a SIC, no mesmo período, para ver Júlia Pinheiro num programa gravado, quando se pode ver o à vontade de Manuel Luís Goucha a trabalhar sem rede? Caramba, só se for para ver algum familiar entre a assistência!»
António Pessoa
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