Massamá/viagens na minha terra




As árvores e os novos caixotes do lixo

As recentes eleições não resolveram milagrosamente todos os problemas. O caso do Centro Lúdico é paradigmático do que se começa e não termina. Mas há, também, as alterações que se fazem e não surtem resultados.

Exactamente no campo das “soluções” que não resultam está o caso daquilo a que se designou chamar “árvores de algodão”. Foram assim designadas por, na época da floração, essas árvores não só deitarem uma espécie de resina que corrói completamente as pinturas dos automóveis que estacionam por debaixo delas, como também soltam as suas sementes envoltas numa espécie de algodão que invade tudo, chegando a atingir alturas equivalentes aos de um sétimo andar…

Há três ou quatro anos, o Boletim da Câmara de Sintra (certamente levado a isso pelas muitas queixas dos habitantes), referiu-se a este problema e prometeu que (cito de cor) “as árvores do algodão seriam arrancadas e substituídas”. Os habitantes de Massamá esperaram três ou quatro anos: e, no princípio do Verão passado, as árvores começaram a ser cortadas. Repito: cortadas e não arrancadas, donde se concluirá, e bem, que não foram substituídas – uma vez que está provado há muito que dois corpos não conseguem ocupar o mesmo espaço.

Daqui resultaram duas coisas: por um lado, os habitantes de Massamá viram reduzidas as sombras e os espaços verdes; e, por outro, como o trabalho foi mal feito ou incompletamente feito, acontece que os tocos das árvores cortadas e que assim ficaram, um pouco por todo o lado… começaram, obviamente, a “reagir” – e a criarem rebentos. O que, dadas as dimensões de alguns deles, como se vê na foto, nos promete mais uma óptima colheita de algodão, na próxima Primavera…

Os novos caixotes do lixo
É evidente que sim, que os antigos estavam velhos, partidos, sem tampas, etc. Mas tinham uma vantagem: tinham, feitos à sua medida, encaixes nos passeios, não perturbando estacionamentos nem visão.

Foram substituídos, recentemente. Por outros mais bonitos, talvez, mais modernos, com sistema sofisticado de abertura e fecho, e, sobretudo… maiores. O resultado disto é claro: aparentemente, ninguém se preocupou com esta diferença de medidas, com duas consequências. A primeira, a de que os encaixes nos passeios se tornaram em espaços não utilizados. E, a segunda, a de que os caixotes novos ficam um pouco abandonados onde quer que calhe, as mais das vezes um pouco no meio da rua, roubando estacionamentos, e tapando a visão de quem circula. Não teria sido mais sensato ter tirado, primeiro, as medidas aos novos caixotes, constatar então que não caberiam nos espaços dos antigos, e converter os antigos espaços em função dessas medidas? Mas isso, claro, antes, de colocar os mamarrachos no meio da rua.


O estado em que uma das árvores cortadas se encontra em meados de Outubro


O espaço dos antigos caixotes...


...e a forma como os novos ficam "estacionados"


António Pessoa

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