São Marcos - Autárquicas 2009

São Marcos
É das freguesias mais recentes, criada em 2001 com o desdobramento da antiga freguesia de Agualva- Cacém em quatro novas freguesias. Tem mais de 15 mil habitantes.


Faltam infra-estruturas e enterrar a linha de alta tensão


O actual presidente da Junta fala em obra feita e recandidata-se a mais quatro anos. Mas a oposição é unânime na avaliação negativa do último mandato e diz que foi tempo perdido.

Nuno Anselmo quer continuar o trabalho dos últimos quatro anos, que “colocou a freguesia no mapa”. “Sentimos a obra feita e temos orgulho de ser uma das freguesias mais dinâmicas do concelho, mas o projecto de uma freguesia nunca é uma obra acabada”, admite o actual presidente da Junta de São Marcos, que considera pertinente “apostar na requalificação do espaço público que já está em marcha há dois anos e meio e que é visível”. No entanto, a oposição é bastante crítica, com o Bloco de Esquerda a dizer que “os últimos oito anos foram praticamente de tempo perdido” e a CDU a considerar que São Marcos continua a ser “uma freguesia perdida entre o Cacém e Oeiras.” A avaliação não é melhor do lado do PS. “Os últimos dois mandatos marcaram pela negativa, com ausência de investimentos e a fuga de habitantes. Não há qualidade de vida e exemplo disso é a quantidade de placas de venda nos prédios da freguesia”, acusa Cristina Mesquita.

Em resposta, Nuno Anselmo diz que é “o primeiro a reivindicar mais investimento” e assegura que tem batalhado para que isso se concretize. “Dou o exemplo do Centro de Saúde, que foi uma batalha nossa. E quero publicamente dizer que estamos agradecidos ao professor Seara, porque sem o investimento da Câmara o Centro não estaria construído e a funcionar”, afirma. Mas o PS esclarece que “a obra já foi paga pelo Ministério da Saúde” e houve “tempo perdido” entre a assinatura do contrato em 2001 e o início da construção em 2008.

O presidente refuta e lembra que “quem adiantou o dinheiro foi a Câmara e se houve atrasos, devem-se também à demissão da comissão do Ministério da Saúde que tinha de aprovar os planos de especialidade”. O autarca salienta sobretudo que “o que é relevante para a população é que está a funcionar.” As críticas repetem-se na avaliação que o BE faz da freguesia. “Não vi nada de relevo durante o primeiro mandato, embora saiba que há trabalho sem sinais exteriores, e neste vi alguma coisa nos últimos meses, como arranjos de espaços exteriores e poucos mais”, avança Vítor Ferreira. Segundo o candidato “há muito por fazer,” como se prova pela planta de urbanização. “Vejo aqui um lote destinado à Junta de Freguesia, outro lote destinado a um centro cultural, biblioteca e museu de arqueologia, e pergunto onde estão estes espaços destinados à fruição pública? Porque é que a Junta não pegou nisto?”, questiona.

Já para a CDU, um dos problemas da freguesia é a falta de correspondência entre o número de eleitores e o número de habitantes. “Não se consegue trabalhar para uma população que não está recenseada, porque isso implica uma redução de fundos para a freguesia”, afirma Cátia Nery, obtendo o apoio do BE. Mas para Nuno Anselmo, a Junta fez o que pode. “Houve divulgação através da newsletter e de cartazes em vários locais, assim como acções de sensibilização. É desde 2005 entraram mais 1300 eleitores”, refere.

O PS, por seu lado, critica o estacionamento caótico, “sobretudo por questões de segurança, porque há ruas a que os bombeiros não conseguem aceder.” As soluções, sugere a candidata, passam pelo “reperfilamento de algumas ruas e pelo estudo da hipótese de construir estacionamento em altura com custos reduzidos para os utentes”. Nesta matéria, a CDU lamenta que o programa Cacém Polis não tenha beneficiado mais São Marcos. “Faltam infra-estruturas como a circular nascente ao Cacém”, recorda Cátia Nery.

Outro tema que gerou debate foram os bairros ilegais. “É uma preocupação que nos acompanha, assim como as licenças de habitação e continuamos a acompanhar e a prestar apoio às associações, promovendo reuniões com a Câmara. È certo que há muito para fazer mas foram dados passos importantes nos últimos quatro anos”, considera Nuno Anselmo. Já o PS defende que “a Junta deve ter um papel mais proactivo”, enquanto o BE e a CDU acusam a Câmara de ter uma postura passiva.

A nível de propostas, os candidatos querem, entre outras, mais estacionamento e espaços verdes (Coligação), mais actividades de tempos livres para as crianças e jovens, um espaço de inclusão digital no Casal do Cotão e um espaço pluri-associativo (PS), assim como a requalificação da ribeira do Papel (BE) e a eliminação das barreiras arquitectónicas e a criação de locais de lazer (CDU).

Falta enterrar a linha de alta tensão
Um tema mediático que também preocupa todos os candidatos é a linha de alta tensão que atravessa a freguesia. “É uma preocupação, não só essa como a que passa a alguns metros da Encosta de São Marcos, até estar resolvido conforme o compromisso que foi assumido publicamente pela REN e pelo presidente da Câmara, com a circular nascente ao Cacém”, recorda Nuno Anselmo. O autarca crrtica quem “apareceu a cavalgar mediaticamente o processo, explorando de forma até criticável um problema grave das populações”. “Participamos em reuniões com as diversas entidades onde se definiu a alteração do traçado, estivemos com as pessoas desde o primeiro momento e não estaremos descansados enquanto este assunto não ficar resolvido”, afirma.

O PS, por seu lado, critica quem “faz promessas que não vai cumprir, porque é uma questão que afecta as pessoas que vivem em permanente angústia. O projecto da circular nascente nem sequer está feito e se é esta a política de verdade da Coligação?”, questiona Cristina Mesquita. Também o BE salienta que até ao momento “só existem promessas e miragens como a circular”, da qual já se ouve falar há 10 anos. O candidato alerta para o caso da Encosta de São Marcos, onde “os moradores dizem que já faleceram mais de 10 pessoas com problemas cancerígenos” e salienta que a grande batalha foi travada pela presidente da Junta de Freguesia de Monte Abraão.

«Temos obra e queremos continuar a fazer obra nos próximos quatro anos para a qualidade de vida em São Marcos» Nuno Anselmo, Coligação Mais Sintra



«Acreditamos num futuro melhor para São Marcos. Iremos apresentar um projecto voltado para as pessoas» Cristina Mesquita, PS



«Finalmente São marcos pode contar com quem é de São Marcos. Temos ideias próprias para melhorar as condições de vida» Vítor Ferreira, BE



«Queremos que São Marcos deixe de ser uma freguesia perdida e tentar dar melhor qualidade de vida aos fregueses» Cátia Nery, CDU


texto e fotos: Luís Galrão

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