São Martinho É a freguesia que acolhe o centro histórico de Sintra embora compreenda uma área mais vasta. Abrange 24 quilómetros quadrados e tem 5907 habitantes, segundo os censos de 2001.
Prioridade para os problemas do centro histórico de Sintra
Há pelo menos um ponto em que os quatro candidatos a São Martinho concordam: é preciso dar prioridade à resolução dos muitos problemas do centro histórico de Sintra, desde o estacionamento ao saneamento, passando pela recuperação urbana.
O centro histórico de Sintra precisa de mais atenção. Nisto, os candidatos à freguesia de São Martinho estão de acordo. O Bloco de Esquerda junta “a defesa intransigente do Parque Natural Sintra-Cascais e das condições necessárias à manutenção da classificação de Paisagem Cultural da Humanidade”. Já a CDU reforça a necessidade de requalificação e recuperação da vila. “É uma área em que temos méritos, porque foi com o vereador Lino Paulo que foi criado o projecto Centro Histórico de Sintra, que depois foi abandonado na gestão do PS e do PSD”, lamenta Luís Carapinha.
Para a CDU, é necessário rever o Plano de Urbanização de Sintra, que data de 1949, para “impedir a destruição da paisagem e travar a betonização”. Outras prioridades passam pelas questões de mobilidade, circulação e estacionamento. O PS, por seu lado, considera que “o centro histórico está completamente abandonado”. “Foi uma das zonas em que o executivo de Adriano Filipe não conseguiu entrar, à excepção de alguns arranjos, porque a Junta não tem capacidade para influenciar as obras”, revela Fernando Pereira, do PS.
Segundo o autarca, “há demasiadas entidades a mandar”. Apesar disso, o socialista quer “dar continuidade ao trabalho feito, que é reconhecido por todos”, segundo afirma. O candidato da Coligação Mais Sintra concorda que há muita gente a mandar, mas defende a Câmara. “Seria ingrato se não defendesse o professor Seara, porque ele fez reuniões com os proprietários e tentou sensibilizá-los e arranjar protocolos de toda a ordem. Mas há muitos que não têm dinheiro para pôr um vidro. Além disso, esta situação foi herdada também dos mandatos de Edite Estrela”, diz João Pedro Miranda.
Para Alexandre Abaladas, do BE, falta uma visão estratégica. Já o candidato da Coligação Mais Sintra volta a defender a Câmara. “Se o Fernando Seara não trava as plantações de cimento que a Edite Estrela fez, não sei o que seria o centro histórico”, desabafa. O candidato conta que vai apostar na “disponibilidade total”. “As pessoas conhecem-me e tenho sido recebido bastante bem, inclusive por pessoas de outras cores políticas, e as pessoas sabem que têm em mim uma pessoa muito séria a defender a freguesia”, revela.
No entanto, admite “o bom trabalho do executivo anterior, nomeadamente do presidente Adriano Filipe, que foi de facto de uma dedicação total”. Já a CDU prefere reforçar o papel que teve na elaboração do plano da recuperação do centro histórico. “A situação actual é inaceitável, porque estamos a falar de património classificado da Humanidade. Defendemos uma intervenção urgente com efeitos na qualidade de vida da população residente e com efeitos nos planos cultural, económico e turístico”, avança.
A CDU admite o excesso de entidades, mas atribui à Câmara o papel de coordenação. “É preciso vontade política e que o interesse público se sobreponha a toda e qualquer dificuldade. Não é só uma questão de recuperação de imóveis degradados, é também uma questão de lutar, denunciar e impedir os verdadeiros atentados que têm vindo a ser realizados na zona histórica, como o Jornal de Sintra tem vindo a alertar”, afirma o candidato. Entre os exemplos que cita, está o Hotel Bristol e “a construção escandalosa, com uma volumetria que ultrapassa muito o que seria de esperar, em Vale dos Anjos, frente a Seteais.” O PS, por seu lado, recorda que “o projecto para o centro histórico foi aprovado por todas as forças políticas e não se percebe porque não se põe em prática”. A CDU louva “a capacidade de auto-crítica do candidato, porque há responsabilidades políticas das forças que estiveram no executivo” e recorda que PS e PSD votaram contra a proposta de revisão do Plano Groer [Plano de Urbanização].” O BE por seu lado, refere que “gostava de ter visto esta atitude combativa no caso da urbanização de Monte Santos”.
Estacionamento deve sair da Vila
Outro problema é a falta de estacionamento, mas os candidatos recusam recordar a ideia de um silo na Volta do Duche. “Ninguém com bom senso voltaria a propor essa solução depois da contestação que houve”, acredita o BE. “Tenho boa memória porque isso passou-se tudo no meu tempo. Nessa altura, a presidente teve essa infeliz ideia, o que seria uma aberração”, refere também João Miranda.
Para o BE, “é possível limitar o trânsito a residentes, comerciantes e serviços públicos, desde que haja uma rede integrada de transportes públicos, ciclovias e percursos pedonais.” Para Alexandre Abaladas, “a dinamização cultural também pode contribuir para que não haja consequências no comércio”. O PS concorda e diz que há alternativas periféricas. “Se houver um sistema de transportes rápido e eficiente, como noutros centros históricos da Europa, os carros podem ficar fora do centro”. A CDU por seu lado, defende “o alargamento do estacionamento e a regulação do trânsito”.
João Miranda avança que “é intenção do presidente fechar o centro histórico desde o Museu do Brinquedo até à Vila e abrir a Rua Heliodoro Salgado pelo menos num sentido”. Além desta questão, o centro “precisa de ser habitado” e de um investimento em programas de arrendamento jovem, defende o BE, que não quer uma oferta turística elitista. “Ninguém fala num parque de campismo ou numa pousada da Juventude”, lamenta. Mas João Miranda responde que “Sintra é uma princesa” e que “não a podemos deixar abandalhar com turismo de pé descalço”. Outras propostas para a freguesia passam pela criação de um ecocentro (CDU), pela aposta na componente social e na construção da igreja da Várzea (Coligação), por um fórum para a Vila de Sintra e uma página internet para a freguesia (BE). O PS propõe terminar o saneamento básico e apostar na recuperação do centro histórico.
«Estarei sempre a lutar ao lado da população com disponibilidade total. Não faço promessas, assumo compromissos» João Pedro Miranda, Coligação Mais Sintra
«Só tenho uma forma de estar na vida, com transparência e lealdade. Vamos fazer o que o orçamento nos permitir» Fernando Pereira, PS
«O compromisso da CDU é com as populações, com trabalho, honestidade e competência. Não vamos pactuar com interesses alheios» Luís Carapinha, CDU
«Aceitei ser candidato para ajudar a construir uma alternativa para as pessoas e com as pessoas. Peço um voto de confiança nesta esquerda de confiança» Alexandre Abaladas, BE
texto e fotos: Luís Galrão
Prioridade para os problemas do centro histórico de Sintra
Há pelo menos um ponto em que os quatro candidatos a São Martinho concordam: é preciso dar prioridade à resolução dos muitos problemas do centro histórico de Sintra, desde o estacionamento ao saneamento, passando pela recuperação urbana.
O centro histórico de Sintra precisa de mais atenção. Nisto, os candidatos à freguesia de São Martinho estão de acordo. O Bloco de Esquerda junta “a defesa intransigente do Parque Natural Sintra-Cascais e das condições necessárias à manutenção da classificação de Paisagem Cultural da Humanidade”. Já a CDU reforça a necessidade de requalificação e recuperação da vila. “É uma área em que temos méritos, porque foi com o vereador Lino Paulo que foi criado o projecto Centro Histórico de Sintra, que depois foi abandonado na gestão do PS e do PSD”, lamenta Luís Carapinha.
Para a CDU, é necessário rever o Plano de Urbanização de Sintra, que data de 1949, para “impedir a destruição da paisagem e travar a betonização”. Outras prioridades passam pelas questões de mobilidade, circulação e estacionamento. O PS, por seu lado, considera que “o centro histórico está completamente abandonado”. “Foi uma das zonas em que o executivo de Adriano Filipe não conseguiu entrar, à excepção de alguns arranjos, porque a Junta não tem capacidade para influenciar as obras”, revela Fernando Pereira, do PS.
Segundo o autarca, “há demasiadas entidades a mandar”. Apesar disso, o socialista quer “dar continuidade ao trabalho feito, que é reconhecido por todos”, segundo afirma. O candidato da Coligação Mais Sintra concorda que há muita gente a mandar, mas defende a Câmara. “Seria ingrato se não defendesse o professor Seara, porque ele fez reuniões com os proprietários e tentou sensibilizá-los e arranjar protocolos de toda a ordem. Mas há muitos que não têm dinheiro para pôr um vidro. Além disso, esta situação foi herdada também dos mandatos de Edite Estrela”, diz João Pedro Miranda.
Para Alexandre Abaladas, do BE, falta uma visão estratégica. Já o candidato da Coligação Mais Sintra volta a defender a Câmara. “Se o Fernando Seara não trava as plantações de cimento que a Edite Estrela fez, não sei o que seria o centro histórico”, desabafa. O candidato conta que vai apostar na “disponibilidade total”. “As pessoas conhecem-me e tenho sido recebido bastante bem, inclusive por pessoas de outras cores políticas, e as pessoas sabem que têm em mim uma pessoa muito séria a defender a freguesia”, revela.
No entanto, admite “o bom trabalho do executivo anterior, nomeadamente do presidente Adriano Filipe, que foi de facto de uma dedicação total”. Já a CDU prefere reforçar o papel que teve na elaboração do plano da recuperação do centro histórico. “A situação actual é inaceitável, porque estamos a falar de património classificado da Humanidade. Defendemos uma intervenção urgente com efeitos na qualidade de vida da população residente e com efeitos nos planos cultural, económico e turístico”, avança.
A CDU admite o excesso de entidades, mas atribui à Câmara o papel de coordenação. “É preciso vontade política e que o interesse público se sobreponha a toda e qualquer dificuldade. Não é só uma questão de recuperação de imóveis degradados, é também uma questão de lutar, denunciar e impedir os verdadeiros atentados que têm vindo a ser realizados na zona histórica, como o Jornal de Sintra tem vindo a alertar”, afirma o candidato. Entre os exemplos que cita, está o Hotel Bristol e “a construção escandalosa, com uma volumetria que ultrapassa muito o que seria de esperar, em Vale dos Anjos, frente a Seteais.” O PS, por seu lado, recorda que “o projecto para o centro histórico foi aprovado por todas as forças políticas e não se percebe porque não se põe em prática”. A CDU louva “a capacidade de auto-crítica do candidato, porque há responsabilidades políticas das forças que estiveram no executivo” e recorda que PS e PSD votaram contra a proposta de revisão do Plano Groer [Plano de Urbanização].” O BE por seu lado, refere que “gostava de ter visto esta atitude combativa no caso da urbanização de Monte Santos”.
Estacionamento deve sair da Vila
Outro problema é a falta de estacionamento, mas os candidatos recusam recordar a ideia de um silo na Volta do Duche. “Ninguém com bom senso voltaria a propor essa solução depois da contestação que houve”, acredita o BE. “Tenho boa memória porque isso passou-se tudo no meu tempo. Nessa altura, a presidente teve essa infeliz ideia, o que seria uma aberração”, refere também João Miranda.
Para o BE, “é possível limitar o trânsito a residentes, comerciantes e serviços públicos, desde que haja uma rede integrada de transportes públicos, ciclovias e percursos pedonais.” Para Alexandre Abaladas, “a dinamização cultural também pode contribuir para que não haja consequências no comércio”. O PS concorda e diz que há alternativas periféricas. “Se houver um sistema de transportes rápido e eficiente, como noutros centros históricos da Europa, os carros podem ficar fora do centro”. A CDU por seu lado, defende “o alargamento do estacionamento e a regulação do trânsito”.
João Miranda avança que “é intenção do presidente fechar o centro histórico desde o Museu do Brinquedo até à Vila e abrir a Rua Heliodoro Salgado pelo menos num sentido”. Além desta questão, o centro “precisa de ser habitado” e de um investimento em programas de arrendamento jovem, defende o BE, que não quer uma oferta turística elitista. “Ninguém fala num parque de campismo ou numa pousada da Juventude”, lamenta. Mas João Miranda responde que “Sintra é uma princesa” e que “não a podemos deixar abandalhar com turismo de pé descalço”. Outras propostas para a freguesia passam pela criação de um ecocentro (CDU), pela aposta na componente social e na construção da igreja da Várzea (Coligação), por um fórum para a Vila de Sintra e uma página internet para a freguesia (BE). O PS propõe terminar o saneamento básico e apostar na recuperação do centro histórico.
«Estarei sempre a lutar ao lado da população com disponibilidade total. Não faço promessas, assumo compromissos» João Pedro Miranda, Coligação Mais Sintra
«Só tenho uma forma de estar na vida, com transparência e lealdade. Vamos fazer o que o orçamento nos permitir» Fernando Pereira, PS
«O compromisso da CDU é com as populações, com trabalho, honestidade e competência. Não vamos pactuar com interesses alheios» Luís Carapinha, CDU
«Aceitei ser candidato para ajudar a construir uma alternativa para as pessoas e com as pessoas. Peço um voto de confiança nesta esquerda de confiança» Alexandre Abaladas, BEtexto e fotos: Luís Galrão
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