Sintra





Plano Municipal de Leitura dá os primeiros passos


Através de uma campanha que envolverá escolas, bibliotecas, associações sociais e cidadãos, a autarquia apresentou, no dia 17 de Setembro, as primeiras linhas daquele que será um plano de fomentação da leitura. No mesmo evento foi também apresentada a obra do impulsionador da iniciativa, José Fanha, “Livros da Nossa Vida”, que reúne 100 testemunhos Justificar completamentede leitura de personalidades conhecidas.

Porque o hábito de leitura deve ser considerado como “normal” e porque ler livros “é essencial para o desenvolvimento de um país”, de acordo com as palavras de José Fanha, a autarquia promove a máxima de que “Ler é bom, ler em Sintra é melhor”, através do Plano Municipal de Leitura.

As primeiras linhas deste projecto, apresentadas no dia 17 de Setembro, passam por uma campanha pública, um plano de formação, um observatório de leitura e um blog. Serão envolvidas a rede de bibliotecas municipais, as escolas, as associações culturais e os cidadãos, com especial enfoque para os mais novos.


"Ler é bom, ler em Sintra é melhor" é a máxima do projecto


Hábitos de leitura antes dos primeiros passos
Um dos pontos inovadores do plano será o envolvimento dos pais pela atribuição de um “kit de leitura” para bebés, segundo o vereador da cultura da Câmara Municipal de Sintra, Luís Patrício. “Será feito um protocolo com os centros de saúde” para que os pais sejam abordados na altura do “teste dos pezinhos”. Os que se inscreverem terão acesso a informações de actividades relacionadas com a leitura e a um cartão, que será carimbado sempre que haja participação nessas actividades e cuja acumulação de marcas poderá proporcionar livros para as crianças.

“Muitas vezes”, sublinhou o vereador, “o problema é criar o hábito”, pelo que esta iniciativa “vale mais pelo valor simbólico” e “para tornar o livro como parte dos brinquedos dos bebés”, por forma a encaixá-lo no seu quotidiano e a “criar desde logo o ‘bichinho’ da leitura”.

Será também implementado um contrato, a ser assinado pelo presidente da autarquia e por alunos das escolas do concelho, segundo o qual cada jovem se compromete a cumprir um plano de leitura, apoiado pelo programa de apoio e incentivo à promoção da leitura, desenvolvido nas escolas pela própria autarquia.

A operacionalização destas ideias e do Plano Municipal em si está ainda a ser trabalhada, mas Luís Patrício atribui um prazo de “mais ou menos cinco semanas” para que as iniciativas comecem no terreno.

Leitura ajuda a desenvolver os países
José Fanha começou por comentar uma passagem de um romance, em que o autor refere que numa praia estão duas pessoas a ler. “Percebe-se que são turistas porque estão a ler”, leu o escritor num tom irónico.

José Fanha, que apresentou, no âmbito do Plano Municipal, a sua compilação de testemunhos de leitura, “Livros da Nossa Vida”, ressaltou que se “poderia escrever uma história com a renitência em ler em Portugal”, que é dos países da Europa onde existem menos hábitos de leitura. O escritor fez notar que um plano deste tipo coaduna-se com o concelho, uma vez que “Sintra sempre foi um lugar de leitura, um lugar de escritores, um lugar onde a palavra sempre teve um papel muito importante”.

Para além disso, por ser um “concelho grande e muito complicado”, a leitura poderá ser uma forma de o desenvolver, através de exemplos de projectos a decorrer em Filadélfia, nos Estados Unidos da América, e no clube de futebol do Chelsea, através dos quais se concluiu que a leitura poderá “ter um papel importante no desenvolvimento social e na luta contra a delinquência e pré-delinquência”. O autor referiu ainda que “na Austrália, uma das formas encontradas para dinamizar os centros históricos das velhas cidades foi criar clubes de leitura nos cafés antigos”.

“Sintra está-se a colocar num ponto alto no nosso país” através desta iniciativa “e está a dar um passo muito importante, sendo talvez a primeira que tem como desígnio político a promoção da leitura”, rematou José Fanha.

100 testemunhos de leitura
Com o intuito de “criar nas pessoas um processo de identificação”, pois ao gostarem de “determinada figura pública podem ter a curiosidade de irem ler os livros que para ela forem importantes”, foi lançada a obra “Livros da Nossa Vida” por José Fanha. Na cerimónia de apresentação, alguns dos convidados, cujo testemunho se encontra no livro, foram convidados a lê-lo. Várias personalidades conhecidas, sintrenses e de todo o país, de diversas áreas como a música, as artes plásticas, as letras, o mundo do espectáculo, desporto, entre outros, dão o seu parecer sobre os livros que marcaram a sua vida. Exemplos da diversidade de personalidades presentes no livro são algumas das figuras, como os cantores Emanuel e Toy, o compositor Vitorino d’Almeida, as escritoras Alice Vieira, Hélia Correia e Isabel Alçada (comissária do Plano Nacional de Leitura), os actores Joaquim de Almeida, Guilherme Leite e Virgílio Castelo, o treinador Jesualdo Ferreira, entre outros.

São, assim, “100 livros e as razões que levam cada uma destas 100 personalidades a recordá-lo e a aconselhá-lo”, de acordo com José Fanha.

“Números animadores” em relação à leitura
O número de leitores servidos pelas bibliotecas municipais tem vindo a aumentar desde 2005 até 2008, passando de 104 mil para 163 mil. Até Julho deste ano foram contabilizados 146 mil leitores, quase tantos quanto os contabilizados em todo o ano de 2008.

Este ano, “numa altura em que há uma baixa de leitores na biblioteca”, ou seja em Agosto, a autarquia promoveu a iniciativa “De Férias com a Biblioteca”, tendo levado até à Praia Grande tudo o que se pode encontrar numa biblioteca: livros, revistas, jornais, jogos, internet… No entanto, ressalta o vereador Luís Patrício, “não podemos confiar apenas nos números optimistas” de leitura no concelho, pelo que novas iniciativas serão uma forma de incrementar o número, já de si “animador”.

texto e fotos: Vanessa Sena Sousa

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