Tapada das Mercês

Feira das Mercês mantém tradições e atrai milhares de visitantes

A tradicional e multicentenária Feira das Mercês, no concelho de Sintra, uma das mais castiças feiras do distrito de Lisboa, inaugurou a sua edição de 2009 no passado sábado, dia 17, atraindo ao recinto, como habitualmente, milhares de visitantes. Um certame que vai manter-se até ao dia 1 de Novembro, consagrando o próximo domingo, dia 25, à festividade em honra da padroeira da localidade, N.ª Sr.ª das Mercês, em cuja capela será celebrada missa e de onde sairá a procissão.


Com um esplendoroso dia de sol a proporcionar ainda mais brilho ao certame e a convidar as populações a visitá-lo, estas não recusaram o “convite” e invadiram o imenso recinto palco do mesmo nos sábado e domingo passados. E os visitantes dão sempre por bem empregue a visita à feira, onde não faltam atracções para todos os gostos, desde os restaurantes com toda a sua tradicional culinária, de que se destaca a famosa “carne às Mercês”, o leitão de Negrais, as sardinhas, as farturas e as castanhas assadas a inundarem os ares com os seus típicos fumos e odores, a indispensável e muito requisitada água-pé, os produtos hortícolas, a pêra parda, fruto tradicional desta feira, para além da parte cultural, com vários ranchos folclóricos a actuar. Mas também ali se ouviu o ribombar do Grupo de Bombos das Mercês, se verificaram as muitas diversões existentes, com os tradicionais carrosséis para a pequenada e adultos a apelarem a “mais uma viagem”, tudo misturado com os vibrantes pregões dos vendedores de roupas, que atraem a si imensos clientes.

Mas como a chuva é também uma tradição da Feira das Mercês, ela já fez a sua aparição durante alguns dias desta semana, desejando-se que no domingo o bom tempo volte, para proporcionar ainda mais brilho à procissão, que se realizará após a missa, às 15 horas.


"Carne às Mercês", acepipe principal da feira

“Dinamizar Festa do Leitão”
Jornal de Sintra registou as opiniões de alguns feirantes, começando por Luís Galapito, da fábrica e estabelecimento Simões dos Leitões, dos Negrais, com stand na feira para venda da tão apreciada carne, “toda produto nacional”, que no domingo nos disse que “a feira está a decorrer bem, com o bom tempo a ajudar, mas o negócio está fraco, o que acontece a nível do país inteiro, porque há uma crise instalada, e além disso houve pouca divulgação do certame, mas mesmo assim esteve aqui muita gente e fez-se algum negócio, não tanto como desejaríamos, e hoje ainda foi só o segundo dia de feira, pelo que esperamos que no próximo fim-de-semana compareça mais gente”. E Luís Galapito acrescentou: “Mas referindo-me ao negócio do leitão, direi que foi uma pena que deixasse de realizar-se a Festa do Leitão nos Negrais, que atraía muita gente e onde se vendia bem este produto e além disso servia de propaganda a esta indústria da terra e de Sintra, tendo-se realizado a última edição da mesma em 2006. Mas faço votos para que a Câmara e o novo executivo da Junta de Freguesia de Almargem do Bispo se empenhem na dinamização deste certame, que só valoriza a freguesia e o concelho”.

“Magníficas instalações e boa comida”
Miguel Pacheco, do restaurante Os Serranos, que há anos faz esta feira, adiantou-nos por sua vez que “o negócio está a decorrer bem, e este sucesso deve-se às magníficas instalações do restaurante e à boa comida que servimos, na qual o prato forte é a ‘carne às Mercês’, embora tenhamos muitos outros pratos, e também à boa gestão proporcionada pelo seu proprietário, Nuno Santos, que dirige esta empresa, que a partir de Maio e até Novembro percorre todo o país, participando nas principais feiras que se realizam”.

“Negócio esteve fraco”
Opinião diferente das anteriores manifestou Joaquim Vera Guerreiro, do restaurante O Quinito, que faz a Feira da Mercês há 28 anos, o qual considerou que “o negócio esteve fraco, e atribuo a questão ao facto de a feira estar repartida por dois espaços, com muitos feirantes, sobretudo os das vendas de roupas, sapatos e outros artigos a optarem pela zona da estrada, o que provoca que muitos visitantes não venham cá acima, à zona dos restaurantes, o que nos afecta”. “Mas espero que nos dois próximos fins-de-semana, o primeiro dos quais inclui a missa e a procissão de N.ª Sr.ª das Mercês no domingo, o negócio melhore”, acentuou Joaquim Guerreiro.

“Tradição não tem nada a ver com o antigamente”
João Chalana, residente nos Camarões, freguesia de Almargem do Bispo (Sintra), é o proprietário do Restaurante Chalana, O Transmontano, e faz esta feira há mais de 30 anos, para além de participar nas maiores ou mais famosas feiras do país. Possui também um táxi, pelo que desenvolve a actividade de taxista durante os seis meses de Inverno, porque os meses de Verão são consagrados às feiras. Numa avaliação à Feira das Mercês 2009, João Chalana opinou que “a tradição desta feira já não tem nada a ver com as de antigamente, mesmo considerando só as de há 10 ou 15 anos atrás, e nesta apreciação envolvo todas as feiras do país, porque o mal é geral; as pessoas visitam-nas mas no geral não compram, não fazem refeições, e essa atitude afecta os feirantes, obviamente. Porém, é verdade que existe uma crise económica não só em Portugal mas também mundial, que se reflecte em toda a actividade económica, e as feiras são vítimas disso”. “Além disso, a própria estrutura da feira perdeu qualidade, deixaram de existir as tasquinhas tradicionais, em virtude das novas regras impostas pela autarquia e pela ASAE, e esta actividade de feirante está pela hora da morte, embora muitos de nós vamos resistindo, e enquanto isto for ‘pingando’, dando pelo menos para as despesas, vamos continuando”.

“Faltam feirantes e as tasquinhas”
Aníbal Silva, da Associação de Solidariedade Social das Mercês, organizadora da feira, com o apoio da Câmara de Sintra e das Juntas de Freguesia de Rio de Mouro e de Algueirão-Mem Martins, considerou que “a feira nos dois primeiros dias decorreu bem, não tanto como todos desejávamos, porque faltam feirantes, tal como as tasquinhas das carnes fritas, que eram aqui uma tradição, as quais foram proibidas, por exigências sanitárias e de equipamentos por parte da Câmara”. “Por outro lado os vendedores de roupas e calçado optaram por montar os seus estabelecimentos na estrada e no espaço perto da estação da CP, o que provoca que existam menos visitantes no recinto principal da feira, mas de qualquer forma estes dois dias decorreram muito bem e com o bom tempo a ajudar”, frisou Aníbal Silva.
Feira das Mercês mantém tradições e atrai milhares de visitantes

A tradicional e multicentenária Feira das Mercês, no concelho de Sintra, uma das mais castiças feiras do distrito de Lisboa, inaugurou a sua edição de 2009 no passado sábado, dia 17, atraindo ao recinto, como habitualmente, milhares de visitantes. Um certame que vai manter-se até ao dia 1 de Novembro, consagrando o próximo domingo, dia 25, à festividade em honra da padroeira da localidade, N.ª Sr.ª das Mercês, em cuja capela será celebrada missa e de onde sairá a procissão.

Com um esplendoroso dia de sol a proporcionar ainda mais brilho ao certame e a convidar as populações a visitá-lo, estas não recusaram o “convite” e invadiram o imenso recinto palco do mesmo nos sábado e domingo passados. E os visitantes dão sempre por bem empregue a visita à feira, onde não faltam atracções para todos os gostos, desde os restaurantes com toda a sua tradicional culinária, de que se destaca a famosa “carne às Mercês”, o leitão de Negrais, as sardinhas, as farturas e as castanhas assadas a inundarem os ares com os seus típicos fumos e odores, a indispensável e muito requisitada água-pé, os produtos hortícolas, a pêra parda, fruto tradicional desta feira, para além da parte cultural, com vários ranchos folclóricos a actuar. Mas também ali se ouviu o ribombar do Grupo de Bombos das Mercês, se verificaram as muitas diversões existentes, com os tradicionais carrosséis para a pequenada e adultos a apelarem a “mais uma viagem”, tudo misturado com os vibrantes pregões dos vendedores de roupas, que atraem a si imensos clientes.

Mas como a chuva é também uma tradição da Feira das Mercês, ela já fez a sua aparição durante alguns dias desta semana, desejando-se que no domingo o bom tempo volte, para proporcionar ainda mais brilho à procissão, que se realizará após a missa, às 15 horas.

“Dinamizar Festa do Leitão”
Jornal de Sintra registou as opiniões de alguns feirantes, começando por Luís Galapito, da fábrica e estabelecimento Simões dos Leitões, dos Negrais, com stand na feira para venda da tão apreciada carne, “toda produto nacional”, que no domingo nos disse que “a feira está a decorrer bem, com o bom tempo a ajudar, mas o negócio está fraco, o que acontece a nível do país inteiro, porque há uma crise instalada, e além disso houve pouca divulgação do certame, mas mesmo assim esteve aqui muita gente e fez-se algum negócio, não tanto como desejaríamos, e hoje ainda foi só o segundo dia de feira, pelo que esperamos que no próximo fim-de-semana compareça mais gente”. E Luís Galapito acrescentou: “Mas referindo-me ao negócio do leitão, direi que foi uma pena que deixasse de realizar-se a Festa do Leitão nos Negrais, que atraía muita gente e onde se vendia bem este produto e além disso servia de propaganda a esta indústria da terra e de Sintra, tendo-se realizado a última edição da mesma em 2006. Mas faço votos para que a Câmara e o novo executivo da Junta de Freguesia de Almargem do Bispo se empenhem na dinamização deste certame, que só valoriza a freguesia e o concelho”.

“Magníficas instalações e boa comida”
Miguel Pacheco, do restaurante Os Serranos, que há anos faz esta feira, adiantou-nos por sua vez que “o negócio está a decorrer bem, e este sucesso deve-se às magníficas instalações do restaurante e à boa comida que servimos, na qual o prato forte é a ‘carne às Mercês’, embora tenhamos muitos outros pratos, e também à boa gestão proporcionada pelo seu proprietário, Nuno Santos, que dirige esta empresa, que a partir de Maio e até Novembro percorre todo o país, participando nas principais feiras que se realizam”.

“Negócio esteve fraco”
Opinião diferente das anteriores manifestou Joaquim Vera Guerreiro, do restaurante O Quinito, que faz a Feira da Mercês há 28 anos, o qual considerou que “o negócio esteve fraco, e atribuo a questão ao facto de a feira estar repartida por dois espaços, com muitos feirantes, sobretudo os das vendas de roupas, sapatos e outros artigos a optarem pela zona da estrada, o que provoca que muitos visitantes não venham cá acima, à zona dos restaurantes, o que nos afecta”. “Mas espero que nos dois próximos fins-de-semana, o primeiro dos quais inclui a missa e a procissão de N.ª Sr.ª das Mercês no domingo, o negócio melhore”, acentuou Joaquim Guerreiro.

“Tradição não tem nada a ver com o antigamente”
João Chalana, residente nos Camarões, freguesia de Almargem do Bispo (Sintra), é o proprietário do Restaurante Chalana, O Transmontano, e faz esta feira há mais de 30 anos, para além de participar nas maiores ou mais famosas feiras do país. Possui também um táxi, pelo que desenvolve a actividade de taxista durante os seis meses de Inverno, porque os meses de Verão são consagrados às feiras. Numa avaliação à Feira das Mercês 2009, João Chalana opinou que “a tradição desta feira já não tem nada a ver com as de antigamente, mesmo considerando só as de há 10 ou 15 anos atrás, e nesta apreciação envolvo todas as feiras do país, porque o mal é geral; as pessoas visitam-nas mas no geral não compram, não fazem refeições, e essa atitude afecta os feirantes, obviamente. Porém, é verdade que existe uma crise económica não só em Portugal mas também mundial, que se reflecte em toda a actividade económica, e as feiras são vítimas disso”. “Além disso, a própria estrutura da feira perdeu qualidade, deixaram de existir as tasquinhas tradicionais, em virtude das novas regras impostas pela autarquia e pela ASAE, e esta actividade de feirante está pela hora da morte, embora muitos de nós vamos resistindo, e enquanto isto for ‘pingando’, dando pelo menos para as despesas, vamos continuando”.

Farturas também atraem muita clientela


“Faltam feirantes e as tasquinhas”
Aníbal Silva, da Associação de Solidariedade Social das Mercês, organizadora da feira, com o apoio da Câmara de Sintra e das Juntas de Freguesia de Rio de Mouro e de Algueirão-Mem Martins, considerou que “a feira nos dois primeiros dias decorreu bem, não tanto como todos desejávamos, porque faltam feirantes, tal como as tasquinhas das carnes fritas, que eram aqui uma tradição, as quais foram proibidas, por exigências sanitárias e de equipamentos por parte da Câmara”. “Por outro lado os vendedores de roupas e calçado optaram por montar os seus estabelecimentos na estrada e no espaço perto da estação da CP, o que provoca que existam menos visitantes no recinto principal da feira, mas de qualquer forma estes dois dias decorreram muito bem e com o bom tempo a ajudar”, frisou Aníbal Silva.

texto e fotos: António Faias

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