A nova auto-estrada entre a A5, em Cascais, e a CREL, em Sintra, continua a atrair automobilistas mas ainda não conseguiu descongestionar o IC19
Após um mês de funcionamento, a nova auto-estrada A16 já conquistou 18 mil automobilistas mas ainda não conseguiu descongestionar o IC19, via onde era esperada uma redução de 20 por cento do tráfego. “Sentiu-se apenas uma melhoria temporária na fase em que os curiosos experimentaram a A16, mas as novidades passam depressa e enquanto a saída para os Cabos de Ávila estiver como está, dificilmente haverá melhorias”, considera conta Nuno Palma, um utilizador diário do IC19 residente em Sintra.
A concessionária das duas vias espera atrair para a A16 cerca de 26 mil veículos/dia no primeiro ano de funcionamento, mas fonte da empresa avança que desde o início de Outubro esse valor estabilizou nos 18 mil automobilistas. Apesar de ter acesso aos dados em tempo real, a empresa alega que “ainda não há valores consolidados para permitir o balanço A16/IC19 desde a abertura” da nova auto-estrada.
No entanto, quem trocou de percurso não pensa em voltar atrás. “Depois de cinco anos na lentidão terrível do IC19 optei pela A16 por uma questão de rapidez e agora demoro metade do tempo a chegar ao emprego”, conta Catarina Henriques, de Mem Martins. O percurso que faz “desde o primeiro dia” começa no nó de Telhal, já depois da portagem de Sacotes, e termina em Alfragide. “Apanho a A16 até à CREL e daí sigo para o IC19, onde entro em Queluz, já depois do pára-arranca que chega a começar em Rio de Mouro”, explica a advogada de 31 anos.
Paulo Gaspar, de Agualva-Cacém, também não hesitou na troca, apesar de gastar mais 50 cêntimos de portagem para cada lado. “Na A16 consigo rentabilizar cerca de 30 minutos diários, ou seja, reduzi a viagem quase para metade”, revela este gestor informático de 37 anos que trabalha em Miraflores. Agora, Paulo garante que só recorre ao IC 19 “fora das horas de ponta”, porque a estrada continua a ter tráfego intenso.
A opinião repete-se em Rio de Mouro, onde chegam a começar as filas. “Ainda há pouco tempo entrávamos directamente para a fila. Agora, desde o alargamento do IC19 só a apanhamos umas centenas de metros mais à frente, junto ao Cacém”, lamenta Jorge Gomes, de 32 anos, que continua a fazer diariamente o IC19. “Tenho esperança que melhore e evito as portagens”, confessa.
Já Catarina acha que os 75 cêntimos compensam, embora ainda continue a ter de percorrer um pequeno troço do IC19, onde não nota melhorias. “O trajecto entre Queluz e a Amadora foi sempre problemático, mesmo depois do alargamento”, lamenta. Mas quem fizer o percurso da A16 entre Sintra e o estádio da Luz, em Lisboa, através da calçada de Carriche, consegue chegar mais cedo do que quem utiliza o IC19.
A diferença chega aos 20 minutos, com o percurso pela A16 a demorar cerca de 35 minutos e o do IC19 pelo menos 55. No entanto, a opção mais rápida tem mais 14 quilómetros e custa 1.25 euros, ou 1.90 euros para quem vier da zona de Cascais (veículos de classe 1).
Uma auto-estrada com dois IC
A A16 faz parte da Concessão da Grande Lisboa e é composta por vários troços do IC16 e do IC30, dos quais falta concluir a ligação entre Alfornelos e a Pontinha, troço que encurtará a distância a Lisboa. Além deste, durante os próximos meses irão ainda decorrer pequenos trabalhos nos acessos, arranjos paisagísticos e a recuperação das vias secundárias, um processo articulado com as autarquias. Outras duas obras que estão por fazer são as áreas de serviço, uma em cada IC, cuja conclusão está prevista apenas para meados de 2010. A nova auto-estrada tem 23 quilómetros e custou 127,5 milhões de euros, embora o valor total incluindo as expropriações chegue aos 256 milhões. A via é explorada pela Ascendi (antiga Aenor) que detém concessão nos próximos 30 anos. Apesar de ter portagens, é um sistema aberto, ou seja, há vários troços que podem ser feitos de forma gratuita. Quem utilizar a via entre Idanha (Agualva) e o Telhal, ou entre Lourel e Ranholas, por exemplo, não terá de pagar. As três portagens estão colocadas junto à CREL (0,50 euros), em Sacotes/Algueirão (0,50 euros) e em Ranholas/Linhó (0,90 euros).
texto e fotos: Luís Galrão
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