Crónica TV

Promessas e esperanças adiadas

CREIO QUE TODA A GENTE com preocupações que vão um pouco para além do dia de amanhã (e até alguns dos que as não têm, mas que temem que a subida do mar lhes toque nas vivendas de praia) estiveram de olhos postos em Copenhaga, na cimeira que, teoricamente, iria resolver os problemas climáticos que afligem o planeta. Como se sabe, isso não aconteceu. Nem os Estados Unidos que agora têm um presidente que acumula por um ano com o título de Nobel da Paz (e paz, parece-me, significa também não agredir o ambiente) e que, como se sabe, nunca assinaram o tratado de Quioto, fizeram alguma coisinha. Assinaram um acordo: com efeito, o presidente Barack Obama fechou um acordo sobre mudanças climáticas que ele considerou “significativo” com a China, Brasil, Índia e África do Sul, na sexta-feira, em Copenhaga. Mas esse documento não prevê metas específicas de redução das emissões de carbono e não tem valor legal, o que gerou críticas e causou polémica durante a Conferência da ONU. Significa isto, portanto, que tudo como dantes, quartel-general em Abrantes.

MAS, PARA OS QUE FORAM seguindo as notícias que chegavam de Copenhaga, houve momentos e declarações de deixar qualquer um de cara à banda. A começar pelo próprio Barack Obama que, na hora da despedida ainda fez este balanço “positivo”: “Teremos que dar continuidade ao trabalho realizado aqui em Copenhaga para garantir que a acção internacional para reduzir significativamente as emissões seja sustentada e suficiente ao longo do tempo. Nós já percorremos um longo caminho, mas ainda temos de ir muito mais longe.” Ian Fry, Negociador-Chefe de Tuvalu: “Parece que estamos a receber 30 moedas de prata para trair o nosso povo e o nosso futuro.” Mohamed Nasheed, Presidente das Ilhas Maldivas: “Com qualquer coisa acima de 1,5º C, as Maldivas e várias outras ilhas desapareceriam. Por essa razão, tentámos seriamente, durante os últimos dois dias, colocar 1,5º C no documento. Sinto muito que isso tenha sido grosseiramente obstruído pelos grandes emissores.” Ou Claudia Salerno Caldera, representante da Venezuela: “Eu pergunto se, nas barbas do secretário-geral da ONU, vocês vão apoiar este golpe de Estado contra a autoridade das Nações Unidas.” Ou ainda, para terminar, John Sauven, da Greenpeace: “A cidade de Copenhaga foi cenário de um crime esta noite, com os culpados a correr para o aeroporto. Não há metas para cortes de carbono e não há acordo sobre um tratado com valor legal. Parece que há poucos políticos neste mundo capazes de ver para além do horizonte dos seus próprios interesses, e muito menos de se importarem com os milhões de pessoas que estão intimidadas pela ameaça da mudança climática.” O que, traduzido por miúdos, significa que com gente desta estamos feitos.

MAIS UMA VEZ, O “ÍDOLOS”, espero que pela última vez, dado que agora, nesta fase final, o que conta é o voto dos espectadores e, portanto, tudo depende dos telefonemas que cada um consiga angariar. No último programa, no entanto, a concorrente Diana interpretou um tema que é muito querido cá por casa, “Try a Little Tenderness”, nas suas mais variadas interpretações mas, talvez, com uma especial queda para uma versão interpretada por Paul Giamatti e Arnold McCuller nofilme “Duetos”. Quase se poderia dizer que, por cá, somos formados nessa canção. Acontece que me pareceu que a interpretação de Diana foi bastante fraca – apesar de o júri lhe ter tecido os maiores elogios. O povo votante também foi da minha opinião e Diana foi uma das duas menos votadas caindo, assim, nas mãos do júri. E aconteceu que foi exactamente ela quem o júri salvou. Diana, como muitos saberão, é sobrinha de Manuel Moura Santos, presidente do júri: mas não acredito que isso tenha tido qualquer influência nessa decisão. Ai não, que não acredito!

HÁ 10 ANOS ESCREVIA
«Ainda em Abril a TVI iniciaria um dos seus programas de maior sucesso até à data (excluindo o “Batatoon”, transmitido à tarde): chamava-se “Reis da Música Nacional” e procurava ir ao encontro da sempre crescente procura pela música (mais) popular portuguesa – “pimba”, se assim o preferirem. O programa tem-se revelado um êxito, com mais de 20 mil telefonemas por programa mas, curiosamente, nunca chegou a entrar no top 20 nacional. Ainda na estação de Queluz, Julho seria o mês de todas as surpresas – ou quase. Foi nessa altura que conhecemos o que era o programa de Carlos Massa, o “Ratinho”, em duas doses e com direito a repetição; foi nessa altura que “Quero Justiça!”, de Vitor Bandarra se começou a impor e José Eduardo Moniz voltaria a mostrar mais um resultado da sua incursão por terras brasileiras, desta vez com Suzana Alves, a “Tiazinha”.


António Pessoa

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