Belas - Autárquicas 2009



Belas
Situada a 11 quilómetros de Sintra e a 15 de Lisboa, é uma das freguesias mais conhecidas do concelho devido aos novos empreendimentos turísticos e habitacionais. Tem uma área de 2369 hectares e mais de 23 mil habitantes.


A freguesia tem 20 anos de estagnação


Belas estagnou nas últimas décadas, dizem os quatro candidatos à freguesia, embora o PS aponte o dedo apenas ao último executivo, já que os 16 anos anteriores estiveram a cargo do candidato socialista. “Regresso à política a pedido de várias pessoas, porque vejo a minha terra muito abandonada”, lamenta Guilherme Dias, do PS, no início do debate realizado na Rádio Clube de Sintra. O balanço negativo é partilhado pela CDU, que considera Belas “a enteada pobre do concelho, a mais esquecida e mais abandonada”, acusa Fernando Grave.

No entanto, o candidato da Coligação Mais Sintra, a força que preside ao executivo, recorda que esta apenas governou a Junta nos últimos quatro anos. “Nos anteriores foi o candidato do PS e se a terra está abandonada, isso não se deve só aos últimos anos, porque nesse tempo só se criaram umas silvas”, afirma Luís Jesus. “Sem retirar culpas ao último executivo, entendo que o PS passou 16 anos à velocidade de caracol ou quase parados”, acrescenta. Guilherme Dias defende-se e garante que fez muita coisa como “as célebres curvas da Idanha, a ligação de Idanha a Massamá, o parque de estacionamento junto ao cemitério”. Mas todos os candidatos apontam como grandes carências a ausência de um centro de saúde novo e de uma esquadra da PSP, entre outros equipamentos. “O centro de saúde é um dos grandes problemas, há muitos anos que se luta, mas não tem sido fácil”, admite o socialista que considera tratar-se de um assunto da competência da Administração Regional de Saúde (ARS).

Também João Rodrigues, do Bloco de Esquerda, considera o novo centro “fundamental”, mas entende que é “uma utopia” para os candidatos. “O assunto tem de passar por uma decisão do Parlamento, que tem de desbloquear as verbas. Mas o PSD e o PS não o fazem”, diz. A denúncia é reforçada pela CDU, que recorda que “a obra nunca avançou porque desde 2005, com os votos contra do PS, PSD e CDS, as verbas não foram desbloqueadas”.

Fernando Grave explica que a freguesia já investiu em dois projectos, “um que foi aprovado com pompa e circunstância e custou cerca de cinco mil euros, acabou por não ser aproveitado. E outro, que custou mais dois mil euros, e previa a adaptação do primeiro a outro terreno, porque o primeiro não serviu”. Perante o impasse, o BE propõe que a junta “alugue uns armazéns provisórios, porque os idosos não conseguem subir ao primeiro andar, porque não há elevador”.

O assunto também preocupa Luís Jesus, que considera o actual centro “um dos mais degradados do concelho”. No entanto, defende, “não é pelo facto de não ser dona do projecto que a Junta não tem de ser interveniente”. O PS concorda e diz que “é preciso rentabilizar o que existe”, porque a solução definitiva cabe ao Governo. “Não vamos em veleidades, porque a Junta tem um orçamento de 750 mil euros, que é a décima parte do orçamento dos bombeiros. Ou seja, pode fazer muito pouco.” O ex-autarca recorda que as actuais instalações funcionam em duas vivendas cujos “proprietários não deixam colocar o elevador”.

Luís Jesus aproveita e remete culpas para os mandatos socialistas. “O centro de saúde espelha bem a Junta. Se o presidente quiser receber um utente em cadeira de rodas, tem de o fazer na rua e a construção vem do tempo de quem? Lá por não podermos construir um centro novo, não quer dizer que não tentemos dar a devida dignidade aos utentes, mas isso não foi feito nos últimos 20 anos e aquilo chegou ao estado em que está por culpa dos últimos executivos.”

Esta intervenção provocou uma reacção da CDU, que afirmou que “Luís Jesus é uma carta fora do baralho, é o chamado pára-quedista que vem fazer um favor ao presidente Fernando Seara, não acrescenta mais valia e está a ser acompanhado por um indivíduo que foi o grande cancro do executivo, o actual secretário”. Luís Jesus responde que não pôde rejeitar o convite. “O que me trouxe a candidato foi um convite de alguém de quem me orgulho de ser amigo, o professor Seara. Nunca exerci funções na Junta, daí o professor achar que a minha candidatura é uma mais-valia. Até agora era atleta de alta competição, com 20 anos de carreira, o que não me permitia dedicar-me à política”, diz.

Insegurança e propostas
O debate incluiu ainda o tema da segurança, com os candidatos a defender uma esquadra na freguesia. “Os assaltos são constantes em Belas, Fonteireira e Idanha, e o próprio centro de saúde foi assaltado há algumas noites”, avança a CDU. “Eu já assisti a três assaltos em plena luz do dia e há pouco tempo, por encomenda com certeza, foi assaltada a associação de reformados, de onde levaram todo o equipamento informático”, conta também o BE. O problema deve-se ao facto da PSP estar “muito longe de Belas, em Massamá”.

O PS recorda que é mais uma competência da Administração Central e lamenta que “o comandante que tomou posse em Janeiro 2008, quando a zona passou da GNR para a PSP, ainda não tenha conseguido reunir com o presidente da junta”. A Coligação responde e apresenta propostas concretas: “Podemos fazer coisas tão simples como exigir melhor iluminação, a remoção dos carros abandonados, promover sessões de esclarecimento, divulgar programas de protecção civil e solicitar à PSP mais meios enquanto não houver esquadra”, diz Luís Jesus.

Os quatro candidatos discutiram ainda a falta de equipamentos, denunciando que Belas é a única freguesia que não tem um pavilhão gimnodesportivo. Acusaram a Junta de desperdiçar 50 euros por dia, nos últimos 30 meses, no aluguer do toldo que cobre o Belas Cinema. Recordaram (CDU) a corrupção que havia na gestão do cemitério e avançaram com propostas como uma ciclovia entre Belas e Queluz e a limpeza da serra da Carregueira (BE), ou a criação de uma Brigada de Intervenção Rápida para apoiar os mais necessitados (Coligação Mais Sintra).



«Somos uma equipa jovem, com força e dinamismo para trabalhar. Espero que as pessoas acreditem e nos dêem confiança» Luís Jesus, Coligação Mais Sintra



«É fácil comparar o que Belas era antes e o que é agora. Cá estarei para dar o meu melhor e ultrapassar as dificuldades com diálogo» Guilherme Dias, PS



«Votar CDU não é votar em mim, é votar numa equipa jovem, dinâmica, trabalhadora, conhecedora e inserida na freguesia» Fernando Grave, CDU



«Sou um homem de mangas arregaçadas e de trabalho, que é o que a freguesia precisa. Irei trabalhar com as pessoas» João Rodrigues, BE


texto e fotos: Luís Galrão

3 comentários:

Maria Margarida Seixas disse...

Este ano será a 1a. vez que irei votar nesta Autarquia e confesso que estou completamente perdida.
Constacto e leio neste jornal que a Freguesia está estagnada há anos... no entanto o que ouço dos membros actuais é que estão disposto a arregaçar as mangas??? então porque não as arregaçaram já? nunca vi uma aproximação aos eleitorados, procurando saber o que em cada lugar seria mais importante fazer. Não saíram da Junta, quando tinham tempo para ir lá, é claro. O que foi feito? por exemplo o que foi feito por Massamá Norte? O que se propõem fazer para o próximo mandato? eu não gostaria de engrossar o eleitorado que não vota. Gostaria de ter orgulho na minha Freguesia. Quem me esclarece?

Anónimo disse...

Belas necessita de um movimento de cidadãos participativos que ultrapassem a inércio dos politicos que se acusam uns aos outros em " guerras " de palavras e nada fazem por esta freguesia...deixo aqui um conselho aos politicos : dizer mal é fácil, fazer bem é que é dificil...façam alguma coisa e falem menos...os projectos realizados " falam " mais que as palavras.

Anónimo disse...

Mudei-me para Belas á cerca de 1 ano e nunca tive necessidade de ir ao médico...pelas informações que tenho da familia da minha mulher, que moram em Belas, o centro de saúde vai de mal a pior. Os médicos são poucos para a quantidade de doentes, a qualidade dos médicos deixam muito a desejar,o atendimento no balcão é péssimo pois não tratam bem os doentes e nem sequer os telefones atendem...as instalações são péssimas...tive agora necessidade de ir para o médico e tenho de ir para um particular porque tenho condições financeiras para isso. E quem não tem? como fazem? Que pais é este que deixa os doentes desta freguesia ao abandono,doentes e a sofrerem...SENHORES POLITICOS MEXAM-SE...EXISTEM IDOSOS A SOFRER NESTA FREGUESIA.
ASS : Nuno Gonçalves