Monte Abraão - Autárquicas 2009

Monte Abraão
É uma das mais antigas povoações do concelho e uma das mais recentes freguesias, criada em 12 de Julho de 1997, com a divisão de Queluz. Actualmente, Monte Abraão tem mais de 40 mil habitantes.



Frontalidade da presidente incomoda oposição

O debate entre os candidatos à Assembleia de Freguesia de Monte Abraão centrou-se na falta de investimento da Câmara, queixa da actual presidente, mas também no perfil da autarca, que a oposição acusa de “entrar a matar”.

Fátima Campos não esconde as críticas à Câmara de Sintra, que acusa de desinvestir na freguesia. “Tenho feito tudo ao longo destes 12 anos para que mais coisas sejam feitas, mas a Câmara pouco apoio tem dado, o que lastimo”, diz. Para a presidente da Junta há uma política de “filhos e enteados” que deixa a freguesia sem centro comunitário, infantários e creches, casa da juventude, casa da cultura.

Quanto às razões, a autarca arrisca as diferenças políticas e a sua frontalidade. “Já me têm dito que devia ser mais meiguinha, mas eu não fui eleita para isso. Não estou aqui para passar a mão pelo pêlo de ninguém, mas para denunciar o que não é feito e exigir o que quero para a freguesia”, exclama. Esta postura é criticada pela candidata socialdemocrata que defende mais diálogo. “Na política temos de ter uma postura de consenso e capacidade de diálogo, não podemos ‘entrar a matar’, como se diz na gíria”, afirma Ana Peixeiro.

Para a candidata da Coligação Mais Sintra, “a presidente não teve essa capacidade e da forma como lidera nunca conseguirá nada”. Ana Peixeiro contesta a acusação de desinvestimento, dando exemplos como os arranjos exteriores ao 1.º de Maio, os novos parques de estacionamento, a escola básica e a iluminação pública, “obras que somam um milhão, trezentos e cinquenta mil euros”.

Mas Fátima Campos lembra que “mal seria que a Câmara não fizesse esses pequenos trabalhos” e considera que “investimento não são uns estacionamentos em fim de mandato”.

A CDU também atribui algumas dificuldades à postura da autarca, mas não desenvolve o assunto. “A forma personalizada da actual gestão não ajuda, mas não vamos entrar nessa discussão porque temos as nossas propostas”, afirma António Vilhena. O candidato da CDU salienta como prioritárias as áreas da segurança, com mais policiamento de proximidade e melhor iluminação, e a educação, onde aponta a falta de equipamentos. “Não há pré-primário em condições e as escolas estão esgotadas, mas esta análise é consensual entre todas as forças”, avança. A CDU pede também mais apoio ao comércio local, aos jovens e aos idosos, problemas que também preocupam o Bloco de Esquerda, que reforça as questões sociais e a pobreza. “O problema político essencial da freguesia não é o estilo de liderança. Quando analisamos os investimentos da Câmara chegamos à conclusão que são aquilo que os políticos gostam de fazer: a obra de fachada. Não se questiona se são importantes, a questão é que os programas basilares que poderiam determinar políticas locais estão na gaveta”, acusa Carlos Cerqueira.

O BE “não tem soluções acabadas mas avança com a proposta de que seja feito um estudo para a criação de uma rede de amas que permita a ocupação de algumas mulheres desempregadas e a criação de uma loja e de um refeitório social”. Já Ana Peixeiro defende “melhor acção social, maior aposta nas escolas e no policiamento de proximidade”. A CDU acrescenta ainda a saúde e denuncia que a abertura das duas novas Unidades de Saúde Familiar de Massamá deixou utentes de Monte Abraão sem médico de família.

Quanto ao conceito de cidade de Queluz, os candidatos lamentam a falta de entendimento entre freguesias. “Infelizmente nunca houve consenso, nem para as festas da cidade. Nós bem tentámos, mas cada um faz as suas comemorações no seu bairrinho”, afirma Fátima Campos. Para António Vilhena e Ana Peixeiro “é uma questão de poder pessoal entre os presidentes de Junta”, enquanto o BE reforça que “há uma falta de visão de alguns, como o presidente da Junta de Massamá, que não acredita na cidade”.

Outro tema consensual é a alteração do limite da freguesia. “A Anta de Monte Abraão faz parte do nosso brasão e é o ex-líbris da cidade, mas inexplicavelmente está em Belas, que não lhe dá qualquer atenção”, afirma Fátima Campos. Aliás, a autarca denuncia que o local é usado como vazadouro, uma acusação partilhada pela CDU que diz ter assistido a despejos efectuados “por uma viatura de uma Junta de Freguesia”, sem revelar qual. Mas Fátima Campos não deixa dúvidas: “Foi a de Belas porque eu vi e já denunciei”, diz.

Gastos com tribunal geram tensão
O tema que encerrou o debate foi a linha de alta tensão, cuja contestação em tribunal ainda não terminou, assegura a presidente da Junta. “Não é uma guerra perdida, mas lamento que os nossos tribunais andem tão devagar”, diz a autarca. No entanto, a CDU e a Coligação Mais Sintra criticam o elevado custo financeiro da iniciativa. “Concordo com o princípio da intervenção da Junta, mas a forma como o tem feito não é correcta, porque vamos ter custos muito elevados”, receia António Vilhena.

Embora também concorde com o princípio, Ana Peixeiro lamenta os custos e considera grave a acusação que Fátima Campos faz a Fernando Seara, que diz ter “mandado silenciar os outros presidentes de junta”. “Já se gastaram 40 mil euros e se a situação não tiver um bom resultado, é dinheiro que vai para o lixo”, acusa. A candidata considera também que “quando se faz frente a gigantes como a REN, que tem uma posição empresarial muito forte, não podemos armar-nos em heróis e devemos avançar com um grupo forte”, criticando assim a posição aparentemente isolada de Monte Abraão.

Mas Fátima Campos explica que a freguesia está “em sintonia” com as juntas de São Marcos e Agualva e que “a única que não tem participado é a de Belas”. Quanto às críticas que fez a Seara, a autarca reitera-as. “Disse e volto a dizer. E grave é a Câmara não ter interferido”, remata. O BE, por seu lado, aponta algumas falhas na articulação com as populações afectadas, mas considera que o investimento no processo judicial “está a marcar o futuro da política da REN pelo país”.


«Darei continuidade ao que tenho feito ansiando mais apoios do Governo e da Câmara, esteja quem estiver à frente» Fátima Campos, PS



«Com os mesmos recursos é possível ter melhores objectivos e corresponder melhor às expectativas de quem habita na freguesia» Ana Peixeiro, Coligação Mais Sintra



«Monte Abraão precisa de mudar e a CDU será portadora dessa mudança. Queremos fazer mais e melhor por Monte Abraão» António Vilhena, CDU



«Temos um programa de governação e assumimos o compromisso de inverter a lógica de subúrbio que se vive em Monte Abraão» Carlos Cerqueira, BE


texto e fotos: Luís Galrão

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